Comemorando 45 anos no Brasil e com mais de 70 anos desde a sua fundação, a Sony é um dos maiores conglomerados do mundo e também uma empresa admirável, sendo uma das líderes na produção de eletrônicos, comerciais e profissionais; no entretenimento, além de ser destaque também nos serviços de finanças e seguros – mas apenas no Japão. Embora esteja passando por maus-bocados desde a virada do milênio, a companhia viu seu valor de mercado dobrar nos últimos 5 anos, após uma dura recuperação fiscal iniciada por Kazuo Hirai, o atual CEO da corporação.   Hoje, a Sony é listada pela Forbes como a 105ª empresa mais valiosa do mundo – e tudo só tende a melhorar: em 2018, a japonesa pretende renovar a sua linha de smartphones, voltando para a briga num dos mercados mais acirrados do planeta. No Brasil, a empresa sempre foi referência de produtos premium e de muita qualidade, mas o que poucos sabem é que, antes do surgimento da companhia, a indústria japonesa não tinha tanto crédito na praça: os produtos oriundos do país eram vistos como de baixa qualidade, o que a Sony ajudou a reverter. Mas os últimos 70 anos resguardam muito mais histórias, e é para contá-las que estamos aqui. Vamos lá?

Fundação e nome

A origem da Sony se dá em 1946, apenas alguns meses após o fim da Segunda Guerra Mundial e dos ataques à Hiroshima e Nagasaki. Na época, aquele que viria a ser o co-fundador da companhia, Masaru Ibuka, inaugurava uma pequena loja de eletrônicos em Tóquio, contando com 20 funcionários e um capital de, aproximadamente, US$ 1,600. Pouquíssimo tempo depois, em maio daquele ano, Ibuka decidiu se juntar à Akio Morita, um grande amigo da sua época como tenente da marinha imperial japonesa, para fundar a ‘Empresa de Telecomunicações e Engenharia de Tóquio’, ou Tokyo Tsushin Kogyo, em japonês romanizado.

O nome era quase sempre escrito dessa forma, pois para Ibuka e Morita, escrevê-lo com letras romanizadas era um meio de exteriorizar os seus produtos – mas em pouquíssimo tempo, ambos perceberam que era grande demais e logo apelidaram a empresa de ‘Totsuko‘. Durante os seus primeiros anos como Totsuko, a empresa fabricou megafones, fitas magnéticas e gravadores de som, como famoso Type-G, o primeiro aparelho do gênero na indústria japonesa. Poucos anos depois, em meados de 1954, a empresa iniciava suas pesquisas com transistores, a ideia era lançar o primeiro rádio do mundo com essa tecnologia logo no ano seguinte – e eles conseguiram: O dito cujo foi o TR-55, o primeiro aparelho da empresa a receber a marca ‘Sony‘. A companhia, em si, se manteve como Totsuko até 1958, mas os fundadores logo notaram que, embora fosse um sucesso no Japão, o apelido não funcionava na América do Norte – e Morita estava decidido a fazer sucesso na terra do Tio Sam. O nome ‘Sony‘ foi escolhido porque, além de remeter a Sonus, termo em latim para ‘Som’, remetia também à expressão ‘sonny boy‘, uma gíria norte-americana para ‘garoto esperto’. Segundo o que diz a lenda, Morita e Ibuka gostaram do nome porque, para eles, lembrava um rapaz jovem, inteligente e íntimo da tecnologia – coisa que ambos viam em si mesmos.

Ásia, EUA e então o mundo

Depois de fazer muito sucesso no Japão, Morita queria vender o TR-55 nos Estados Unidos. Para isso, o executivo viajava diversas vezes entre os dois países, buscando contratos que viabilizassem a importação do modelo. Mas como Morita não conseguiu entrar num acordo com os parceiros disponíveis, o primeiro rádio da Sony a ser vendido na América do Norte foi o TR-63, em 1958 – se tornando uma verdadeira revolução na forma de se ouvir música. Os jornais dizem que, ao final dos anos 50, os jovens americanos consumiam muito mais eletrônicos do que antes, e que, na época, a forma de entretenimento mais comum se dava com os rádios. Aliando-se a isso, o TR-63 era portátil, bonito, de boa qualidade e suportava fones de ouvido. Noutras palavras, tinha tudo para ser um sucesso. O único problema do modelo era não caber nos bolsos frontais das jaquetas e calças dos jovens – mas a Sony resolveu esta questão de forma bem inusitada: a marca passou a promover roupas com bolsos maiores. Desta forma, podia anunciar o TR-63 como primeiro rádio de bolso do mundo. A Sony só se tornou oficial nos EUA em 1960, com a fundação da Sony Corporation of America. Poucos meses depois, em maio, a empresa anunciava a sua primeira TV: a TV8-301, como era chamada, foi o primeiro televisor personal do mundo – isto porque, para a época, era portátil o suficiente para ser transportada por uma só pessoa. Como se pode observar, a Sony levou algum tempo até se aventurar noutros mercados, vivendo o seu início com foco integral em gravadores, rádios e dispositivos do gênero. A estabilização da Sony Corp. of America, foi essencial para que surgissem outros produtos, já que Akio Morita, fundador da divisão americana, passou a incentivar que engenheiros de outras companhias se mudassem para a Sony.

Esse tipo de estratégia fez com que, aos poucos, os norte-americanos (e o ocidente como um todo) mudassem a sua percepção de ‘Made in Japan‘. Até aquela época, o nacionalismo era forte e as importações asiáticas sofriam de muito preconceito, a indústria japonesa não tinha tanta credibilidade como hoje – passando longe desta imagem ‘hi-tech‘ que temos atualmente. No final dos anos 60, as TVs coloridas não eram inéditas no mercado. Contudo, a qualidade de imagem era muito precária, fazendo com que muitos sequer desejassem esse tipo de aparelho.

Tentando resolver este problema, a Sony lançaria, em 1968, a primeira das suas icônicas TVs Trinitron. O modelo KV-1310 foi um completo sucesso, tanto que, em 1973, a empresa foi a primeira companhia japonesa a receber um Emmy, o ‘Oscar’ da televisão mundial. Além de ser muito mais brilhante, menor e bonita que as outras TVs coloridas, a Trinitron também ajudou a consolidar a referência em som e imagem que a Sony se tornou com o passar dos anos, garantindo o sucesso da marca fora de sua terra natal.

Anos 70, Brasil e Walkman

  Os anos 70 foram muito positivos para a Sony, com a empresa abrindo escritórios na Europa e no Brasil. Presente por aqui desde 1972, a empresa comemora 45 anos no país. A Sony sempre foi respeitada por aqui, principalmente porque, diferentemente de suas concorrentes, não faz distinção entre o que é vendido aqui e lá fora. Em 1970, a Sony começou as suas pesquisas sobre um novo formato de mídia, o que viria a se tornar o Compact Disc, anos mais tarde. Entretanto, o que realmente dominava o mundo ainda era a fita: na época, o cassete já era popular.

Em 1979, em plena crise financeira, a Sony lançava o TPS-L2 – Walkman, para os íntimos. Assim como ocorreu no TR-63, o fato das pessoas poderem ouvir suas músicas favoritas em um aparelho tão pequeno, mais uma vez foi revolucionário. A Sony viu sua popularidade subir de novo, logo depois de ser abalada por diversas dificuldades no mercado de eletrônicos. O Walkman foi desenvolvido a pedido de Akio Morita, o próprio fundador da empresa. O desejo do executivo era poder ouvir música clássica enquanto trabalhava ou viajava, o que era impossível com os tocadores enormes daquela época. Segundo o que diz a lenda, Akio era contra o nome ‘Walkman’, mas alterá-lo sairia muito caro para os custos de marketing. Assim que chegou aos lojistas, o Walkman não chamou muita atenção. Boa parte dos parceiros de Akio não acreditavam que o produto venderia, mas ele prometeu: ‘Se o Walkman não vender pelo menos 100 mil unidades nos primeiros dois anos, me demito do cargo de presidente’. Em 1981, Akio ganhou a aposta e o Walkman, para a surpresa de todos, passava dos 1,5 milhões de unidades vendidas.

Entretenimento para todos os gostos

Os anos 80 foram de diversificação para a Sony. Com a crise da década anterior e os erros com o formato Betamax, a japonesa entendeu que não poderia apostar todas as suas fichas num só mercado, e por isso saiu comprando tudo o que via pela frente. No início desta década, quem assumiu o posto de Morita foi Norio Ohga, um dos grandes creditados pelo crescimento da empresa nos anos 90. Ohga foi responsável pela compra da CBS Records, que se tornou a Sony Music, e da Columbia Pictures, que manteve o seu nome sob a marca Sony Pictures.

A partir desta compra, a Sony passou a investir no setor de câmeras. As câmeras japonesas já eram bem conhecidas por causa da Nikon e da Canon, mas a Sony contribuiu mais com suas  videogravadoras. A empresa investiu pesado no desenvolvimento de câmeras para TV e, desde muito antes das suas atuais DSLRs, tem equipamentos específicos para o setor televisivo. Os anos 80 também foram o ano do PlayStation. Em 1988, a Sony, que já tinha produzido o chip de som do SNES, foi escolhida para desenvolver um leitor de CDs para o console, o acessório seria acoplável à base do sistema.

O que impediu o projeto de ir pra frente é que a Sony desejava uma porcentagem das vendas, o que a Nintendo não aceitou. Alguns meses depois, as empresas desfizeram o projeto e, enquanto a Nintendo procurava a Philips para produzir o bendito aparelho, a Sony tinha um praticamente pronto, mas sem utilidade alguma. Foi aí que Ken Kutaragi, líder do projeto, decidiu continuá-lo. Não foi fácil convencer os acionistas da ideia, mas o PlayStation foi lançado em 1991 com grande apoio da Electronics Arts e a maior capacidade gráfica da época. Ao fim de sua vida, em 2006, o console vendeu mais de 100 milhões de unidades.

Anos 90, o começo da queda

A Sony já era referência em qualidade e sofisticação nos anos 90, mas isto estava prestes a mudar: em meados de 1995, Norio Ohga deixou a Sony, sendo substituído na posição de CEO por Nobyuki Idei, considerado o responsável pelo declínio da empresa nas décadas seguintes. Nobuyuki é acusado, por seus próprios funcionários, de elevar preços, abandonar os mercados centrais da Sony (TV e Som), reduzir os investimentos em pesquisa e desenvolvimento, cortar empregos, reduzir contratos com fornecedores e pior: causar um ambiente de inimizade dentro da empresa.

Até hoje, há quem diga que as atitudes de Idei afastaram as melhores mentes da empresa, destruindo a política criada por Morita anos antes. Sob o comando de Idei, a Sony se tornou uma empresa ‘arrogante’, perdendo a capacidade de olhar para os erros do passado e apostar no futuro. Durante sua melhor época, os anos 90, a japonesa abandonou a inspiração por criar, ignorando diversos produtos concorrentes, como o iPod, que foi a sentença de morte para o Discman. Idei comandou a Sony por 10 anos, de 1995 a 2005. Seu substituto foi Howard Stringer, o primeiro estrangeiro a ocupar o cargo de CEO duma grande companhia japonesa. Durante sua gestão, a Sony conseguiu recuperar parte dos seus setores, principalmente a Sony Pictures. Atual plano de reestruturação da empresa, comandado por Kazuo Hirai, passou pelas mãos de Stringer, que não gostava de uma só empresa ter tantas marcas e nomes diferentes. Stringer via isso como algo ruim para os negócios, já que, no final, o nome ‘Sony‘ era esquecido.

Celulares e mais prejuízos

O início dos anos 2000 foi marcado pela transição entre Idei e Stringer. Idei era um amante das telecomunicações e, durante este tempo, fez de tudo para alavancar os computadores da linha Vaio. Interessado no setor de telefonia, Idei também colaborou com a joint-venture Sony Ericsson. A Sony Ericsson foi uma parceria entre a japonesa Sony e a sueca Ericsson destinada a produzir celulares de alta gama. A ideia parecia fazer total sentido: era o expertise da Sony em mídias e o know-how da Ericsson nas telecomunicações. A parceria começou em 2001 e veio a acabar em 2012, quando a Sony comprou a parte da Ericsson por US$ 1  bilhão. Apesar de não ter sido uma grande ameaça para Nokia ou Motorola, a antiga Sony Ericsson foi percursora de diversas tecnologias, investindo em componentes de ponta para os seus produtos. Os anos 2000 também foram a era do PlayStation 2, o console mais vendido do planeta terra. Lançado em 2002, o aparelho teve uma ótima recepção do mercado, atingindo as 150 milhões de unidades vendidas por volta de 2011. Até hoje, o PlayStation 2 detém grande parte dos maiores recordes dos consoles.

O PlayStation 3, no entanto, não foi tão feliz: o aparelho era desnecessariamente caro. Embora fosse muito mais poderoso que o Xbox 360, a dificuldade de se desenvolver jogos pro PS3 tornou toda essa superioridade em hardware algo imperceptível, com o console vendo suas melhores vendas no fim de sua vida.

Recuperação

Kazuo Hirai é CEO da Sony desde 2012. Em suas mãos, a empresa tem a difícil missão de reestruturar os setores mais importantes da empresa, investir em novas tecnologias e aniquilar os setores deficitários. Em apenas 5 anos de liderança, Hirai reduziu os gastos com a linha de TVs Bravia, vendeu a divisão de PCs Vaio e reestruturou a marca PlayStation. Em números, a Sony saiu dos US$ 14 bilhões em valor de mercado (2012) para US$ 40 bilhões atualmente.

Embora alguns setores da empresa ainda não sejam tão prósperos quanto o CEO gostaria, ele diz que o mercado de TVs e smartphones é ‘importante demais’ para ser abandonado, e que pretende investir nestes produtos o quanto for possível. Em 2016, a linha de smartphones Xperia teve seus piores números desde o seu início, em 2010, vendendo apenas 2.9 milhões de unidades. Em resposta ao problema, a empresa anunciou mudanças na estratégia de marketing e em determinadas regiões, como o Brasil. O Xperia XZ Premium, testado pelo Showmetech e com ótimas avaliações, tenta reverter esse número.

45 anos de Brasil

Em outubro de 2017, a Sony comemora 45 anos de atividades no Brasil e agradece aos consumidores do país por sua confiabilidade e fidelidade à empresa. Nas palavras de Marcelo Gonçalves, Gerente de Marketing e Comunicação da Sony no Brasil, a empresa presenciou diversas dificuldades econômicas, sociais e políticas em nosso país, logo, não há por que desistir justo agora. E nestes últimos 71 anos atuando globalmente, a Sony foi, talvez mais do que qualquer outra empresa do ramo, percursora de novas tecnologias, principalmente as de som e imagem, para entregar o que há de melhor para quem consome os seus produtos. A empresa participou do desenvolvimento da tecnologia de pontos quânticos; do desenvolvimento dos painéis OLED; participou de pesquisas com robôs domésticos, como o cãozinho AIBO e o robô humanoide QRIO, além de vários outros produtos.  

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