A Lei de Inovação e Competição dos EUA (USICA, da sigla em inglês) é considerada um dos maiores projetos de lei industrial bipartidários da história dos Estados Unidos, ou seja, conta com apoio de republicanos e democratas. A USICA ainda precisa passar por aprovação na Câmara dos Representantes para entrar em vigor. Mas, ao que tudo indica, a legislação deve passar com certa facilidade pela Câmara, afinal, a proposta foi aprovada no Senado dos EUA com 68 favoráveis e 32 contrários. 

Projeto pretende conter a crise dos chips e frear o avanço tecnológico da China

A proposta do governo é conter a crise de chips e, ao mesmo tempo, frear o avanço tecnológico da China e outras nações. De acordo com o escopo do projeto, cerca de US$ 190 bilhões serão destinados à ciência e pesquisa tecnológica. Isto inclui a criação de uma nova divisão na National Science Foundation, ou Fundação Nacional da Ciência em tradução livre, visando fomentar áreas emergentes da tecnologia como a Inteligência Artificial (IA).  De acordo com o senador Charles E. Schumer, um dos principais autores da USICA, o que a China estava fazendo para se destacar como uma potencial tecnológica e econômica era “investir pesadamente em pesquisa e ciência”. Para Schumer, se os EUA não começarem a investir nessas duas frentes a China poderá se tornar a maior economia mundial.   Além disso, pelo menos US$ 52 bilhões serão destinados à produção de semicondutores e chips. O Senado ainda pretende destinar US$ 10 bilhões ao Departamento de Comércio para a criação de novos pólos tecnológicos dentro do país. A ideia é permitir que outras cidades consigam “criar indústrias, gerar novos empregos em tecnologia e ter as mesmas oportunidades que o Vale do Silício”. Mas como a proposta do projeto de lei não é apenas conter a crise dos chips, os legisladores também possuem planos para limitar a influência política e econômica da China. Entre as propostas estão: 

Impor sanções ao governo de Pequim e as atuais práticas de Direitos Humanos;Solicitar novos estudos sobre a origem do coronavírus;Boicote diplomático aos jogos Olímpicos de Inverno de 2022;Autorizar US$ 300 milhões para frear a influência política do Partido Comunista da China.

Apesar de a legislação ter sido aprovada pela maioria dos senadores, alguns liberais alertaram sobre o efeito “mentalidade da Guerra Fria”. Para eles o projeto possui algumas pontas que podem resultar em uma nova tensão geopolítica, mas desta vez entre EUA e China. Eles ainda afirmam que as propostas “podem alimentar racismo, violência, xenofobia e nacionalismo branco”.  Alguns democratas da Câmara também se mostraram preocupados com as considerações feitas pelos liberais, portanto, são esperadas mudanças no projeto até a aprovação final. Já os democratas do Senado, estão empenhados em mostrar que a intenção não é criar medidas “anti-China”. O senador Charles Schumer enfatizou que de fato o país asiático, assim como qualquer outro, que liderar a ciência, será uma ameaça real aos EUA. Porém “devemos lidar com isso, não ficando com raiva deles, mas fazendo a coisa certa para nós mesmos”. O governo de Joe Biden, atual presidente dos EUA, informou que apoia o projeto e vai trabalhar para melhorá-lo e  garantir o cumprimento das metas propostas. Fonte: The Verge; CNBC; The Washington Post

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