A divulgação da foto aconteceu durante uma transmissão ao vivo, ocorrida diretamente da Casa Branca e que contou com a participação do presidente dos Estados Unidos, Joe Biden, e da vice-presidente, Kamala Harris. A imagem é a mais profunda e distante feita do universo com tecnologia infravermelha até hoje e mostra o aglomerado de galáxias SMACS 0723. “É um dia histórico”, celebrou o presidente Joe Biden durante a apresentação na Casa Branca. Nos últimos meses, a agência espacial norte-americana já havia divulgado outras imagens durante testes realizados com os instrumentos do super telescópio. No entanto, a foto do universo divulgada hoje é um registro inédito e que mostra, segundo a NASA, “as profundezas do Universo”. Ainda segundo o órgão, a área capturada pelo equipamento abrange um pequeno pedaço de céu que, para um observador terrestre, parece do tamanho de um grão de areia mantido à distância de um braço. Considerado uma verdadeira maravilha da engenharia, o Telescópio Webb é capaz de espiar mais longe no espaço do que qualquer outro telescópio já fez, graças ao seu enorme espelho principal e instrumentos de foco infravermelho, permitindo que sua visão atravesse gás e poeira cósmicos. “O telescópio é capaz de explorar objetos no sistema solar e as atmosferas de exoplanetas que orbitam outras estrelas, dando-nos pistas sobre se suas atmosferas são ou não semelhantes às nossas”, conta o administrador da NASA, Bill Nelson. Segundo especialistas, as capacidades de infravermelho do telescópio Webb nos permitem olhar mais para trás no tempo para o Big Bang, que ocorreu há 13,8 bilhões de anos. Atualmente, as observações mais distantes do cosmos estão dentro de 330 milhões de anos após o Big Bang, mas, com o Webb, os astrônomos acreditam que esse limite pode ser facilmente ultrapassado. Ainda segundo Nelson, o telescópio poderá ser capaz de ajudar a resolver os maiores mistérios do nosso sistema solar, além de olhar para mundos extremamente distantes, investigando a origem do nosso universo e explorar o potencial de vida em sistemas planetários remotos. Ao todo, são cinco os alvos primários que serão mostrados em detalhes inéditos nos próximos dias pela NASA. São eles:
Nebulosa de Eta Carinae: também conhecida como “Nebulosa de Carina”, ela é uma das maiores e mais brilhantes nebulosas, posicionada a 7,6 mil anos-luz de nós. Nebulosas são pontos do espaço contendo todos os elementos de formação de estrelas – e Eta Carinae é a casa de várias estrelas massivas, milhares de vezes maiores que o Sol.WASP-96 b: um exoplaneta composto majoritariamente de gás e localizado a 1.150 anos-luz da Terra, tem uma órbita de 3,4 dias ao redor de sua estrela. Ele tem mais ou menos a metade da massa de Júpiter e foi originalmente descoberto em 2014. Uma curiosidade interessante sobre ele é que a sua atmosfera não tem a presença de nenhuma nuvem. NGC 3132: essa é uma nebulosa planetária localizada na constelação de Vela e que tem uma natureza expansiva – ou seja, ela não para de crescer – e está orbitando uma estrela em processo de morte (Vega). A nebulosa tem mais ou menos meio ano-luz de diâmetro.O Quinteto de Stephan: A cerca de 290 milhões de anos-luz, está localizado na constelação de Pégaso. É notável por ser o primeiro grupo compacto de galáxias descoberto em 1877. Quatro das cinco galáxias dentro do quinteto estão presas em uma dança cósmica de repetidos encontros imediatos.SMACS 0723: Trata-se de um grupo de galáxias que funcionam como lentes gravitacionais para observação astronômica. Basicamente, eles “entram” no caminho entre um telescópio e o objeto observado, grandemente ampliando a luz do objeto e permitindo ao telescópio enxergá-lo com mais riqueza em detalhes.
Telescópio James Webb é o mais poderoso já colocado em órbita
Sendo o sucessor espiritual do Hubble, o mais famoso e longevo telescópio que a humanidade levou ao espaço, o telescópio espacial James Webb é considerado o maior telescópio de ciência espacial já construído pelo homem. Para se ter um pouco da real dimensão do equipamento, somente seu escudo solar, estrutura que o protege da luz e do calor do Sol, tem aproximadamente o tamanho de uma quadra de tênis. Ao todo, com suas mais de 6 toneladas, ele chega a ter um peso de um ônibus escolar. Lançado no final de dezembro do ano passado, o telescópio esteve em desenvolvimento por 30 anos e possui um custo avaliado em US$ 10 bilhões. Um dos seus principais diferenciais é a sua capacidade de enxergar em infravermelho e, dessa forma, observar estrelas e sistemas planetários que “se escondem” em nuvens de gás e poeiras localizadas em regiões do Universo nunca exploradas, impossíveis de serem observadas pela luz visível. Outra característica que faz do Webb ainda mais especial está relacionada ao tamanho do seu espelho principal, que mede cerca de 6,5 metros de diâmetro, o que o torna 100 vezes mais sensível que o Hubble.
Mais imagens estão por vir
A imagem revelada na segunda-feira (11) é apenas uma das diversas que devem ser divulgadas pela NASA nos próximos meses. Nesta terça-feira (12), o órgão norte-americano postou mais fotografias inéditas captadas pelo seu telescópio. A primeira trata-se de uma espectrografia do WASP-96 b, um exoplaneta composto majoritariamente de gás e localizado a cerca de 1.150 anos-luz da Terra. Descoberto em 2014, ele possui uma órbita de 3,4 dias ao redor de sua estrela e tem mais ou menos a metade da massa de Júpiter. Com os dados de espectro coletados pelo James Webb, astrônomos e especialistas poderão ter maiores informações e detalhes sobre a luz emitida em determinados comprimentos de onda. Na prática, isso ajudará a revelar detalhes da composição química e formação do gigante de gás. A segunda fotografia liberada pela NASA trata-se da NGC 3132, uma nebulosa planetária que nunca para de crescer. Atualmente, medindo meio ano-luz de diâmetro, ela orbita uma estrela em processo de morte, localizada na constelação de Vela. Também conhecida como “Nebulosa do Ane Sul”, ela espalha material cósmico em seus arredores. A estrela mais escura no centro da imagem tem enviado anéis de gás e poeira por milhares de anos em todas a direções. A terceira imagem mostrada pela agência espacial norte-americana revela o Quinteto de Stephan, um conjunto com cinco galáxias na constelação de Pegasus, a mais ou menos 290 milhões de anos-luz da Terra. Foi o primeiro grupo de galáxias compactas descoberto pelo homem, lá em 1877. Embora chamadas de “quinteto”, somente quatro delas estão próximas entre si. A quinta, chamada NGC 7320 (mais a esquerda na foto), está muito mais distante do conjunto — e mais próxima da Terra, com 40 milhões de anos-luz de distância de nós. Por fim, também foi feita a revelação da imagem da Nebulosa de Eta Carinae, por vezes referida como “Nuvem de Carina”. A nebulosa é uma das maiores e mais brilhantes, posicionada a 7,6 mil anos-luz da Terra. Nebulosas são pontos do espaço contendo todos os elementos de formação de estrelas – e Eta Carinae é a casa de várias estrelas massivas, milhares de vezes maiores que o Sol. A imagem mostra centenas de estrelas nunca vistas antes. “Vemos algumas bolhas e jatos de estrelas recém-criadas. E temos também estruturas que nem conhecemos ainda”, disse Amber Straughn, astrofísica da Nasa, durante apresentação da imagem. Esta é a primeira vez que registros invisíveis de áreas onde estrelas nascem são capturados com a tecnologia de infravermelho. Apesar das cinco primeiras imagens terem sido reveladas no início desta semana, a expectativa é que outros registros sejam disponibilizados pela agência espacial norte-americana ainda nos próximos meses. Veja também: Ainda falando sobre a NASA e as belezas do universo, entenda o financiamento que vem buscando desenvolver novas estações espaciais comerciais. Fontes: G1, NASA.