Em tempos onde está cada vez mais comum encontrarmos máquinas leves e portáteis, que dão conta das tarefas do dia a dia, pode soar estranho uma empresa como a Samsung lançar um tablet que aparenta ter poucos destaques. Vale lembrar que a mesma fabricante lançou há poucos meses o Galaxy Fold, celular que se desdobra para revelar uma tela de 7,3 polegadas. Então faço aqui o questionamento: compensa você ter “só” um tablet em 2020? Testamos e te contamos tudo sobre o Tab S6 Lite em busca de responder essa pergunta — e adianto desde já que, se depender dele, o futuro dos tablets erá promissor.

Design e desempenho

Com uma tela de 10,4″, o Tab S6 Lite possui resolução de 2000 x 1200 — proporção um pouco fora do comum, mas felizmente se adaptou bem na maioria dos apps. Ele carrega a potência do processador octa core (2.3GHz, 1.7GHz) e 4 GB de RAM, além de abrigar uma quantidade modesta de aplicações e arquivos em seus 64 GB de armazenamento interno. Por sinal, há slot para microSD expansível a até 1TB. Um perfil mais discreto do que o predecessor permite que o Tab S6 Lite seja mais fácil de usar, seja no modo retrato ou paisagem. Diferente de celulares modernos, que enxugam suas bordas, o acabamento ao redor da tela de tablets torna-se necessário para segurá-lo com ainda mais firmeza. Sem o botão “home”, as únicas teclas físicas são ambos de volume e o de bloqueio de tela na lateral — nada mais. Estes ficam do lado direito do Tab S6 Lite, traduzindo de maneira tátil a orientação dele (se você não estiver usando a capa protetora), já que é mais fácil pegar esse costume do que procurar pela câmera frontal. Outro ponto interessante da interface é a navegação em modo paisagem. Ao puxar o topo da tela para checar notificações, surge uma versão “miniatura” do menu do Android 10 de fácil leitura. Com isso, é como se fosse o mesmo tamanho dos ajustes e notificações de um celular. Detalhe que a tal barra pode ser puxada ao longo de três seções do topo, e todas as vezes ela aparece de forma bastante acessível tanto para os dedos como para a stylus. Os atalhos de tela dividida e suspensão de aplicativos funciona como nos demais dispositivos com a versão do sistema operacional, mas aqui é ótimo afirmar que não percebe-se engasgo de desempenho. Até mesmo com cinco janelas simultâneas a navegação foi fluida. Um último destaque de design fica por conta da persistência para a entrada de fones de ouvido (P2), ótima opção para quem prefere fones “tradicionais” ao tipo USB C, ou para quem simplesmente precisa carregar a bateria ao ouvir música, sem precisar de um adaptador. De qualquer forma, creio que a experiência de som seja muito boa, independente do conteúdo, mesmo se você estiver ouvindo pelos alto-falantes — tópico que abordaremos abaixo.

S Pen

Um excelente acessório do Tab S6 Lite é a stylus S Pen. Junto da capa, a caneta com selo Wacom faz parte do kit completo junto do tablet. Isso é curioso, pois em alguns notebooks 2 em 1 e aparelhos com touchscreen é fácil encontrar uma stylus como essa vendida apenas à parte — vale lembrar que somente a Apple Pencil, para iPads, custa R$900. Diferente do Tab S6 “padrão”, a caneta não tem bateria, o que é familiar para certos designers que dispõem de uma mesa digitalizadora com stylus portátil. A ponta emborrachada te dá uma sensação mais tátil ao escrever e desenhar na tela, e afirmo que isso não aconteceria se ela fosse plástica. De maneira conveniente, a S Pen pode ser acoplada em uma dezena de lugares, porque tanto o tablet como a capa possuem partes magnéticas, até mesmo do lado de fora. São 4.096 pontos de pressão em uma caneta de apenas 7g, o que é tecnologicamente mais avançado e mais leve do que certas canetas de mesas digitalizadoras, entre médio e alto desempenho. Mesmo que, particularmente, não tenha testado com outras, é informado pela própria Samsung que o Tab S6 Lite suporta mais modelos da S Pen. Logo, se você tiver outro Tab em casa, pode aproveitar sem problemas com um acessório já familiar. Outras tecnologias interessantes e escolhas de design são os dois botões (normalmente são atalhos para apagar traços e ativar o menu flutuante) e os sensores precisos distância no display, para que a função hover funcione. Assim, um cursor exibe na tela uma previsão de onde será seu traço sem que ela toque – cerca de 1 cm do tablet. Em diversos aplicativos isso pode ter funções diferentes, mas falaremos mais sobre isso na sequência. Preciso admitir que o app do bloco de notas (Samsung Notes) me surpreendeu. À primeira vista ele funciona como qualquer outro, sendo uma área reservada para jogar ideias e fazer anotações rápidas. Porém, ao colocar a caneta em jogo, vemos seu forte. Pode-se optar por converter o texto de escrita à mão para digitada, o que salva bastante tempo de quem precisar transcrever e é um generoso passo rumo à integração do tablet em uma rotina de trabalho. Confie: a transcrição é bem eficaz, mesmo que eu não acredite tanto na minha habilidade (ou falta dela) para usar anotações à mão — na maioria das vezes, nem eu consigo entender minha letra. A maior surpresa veio ao descobrir que mesmo sem conversão de escrita digitada, basta digitar pesquisas por palavras-chave e o app identifica a nota salva com sucesso. A caligrafia ainda aparece com contorno colorido para facilitar encontrar a palavra naquela nota. Por fim, desativar o desenho com o dedo é bem eficaz. Não notei falhas ao usar as notas e nem aplicativos terceiros, apoiando a mão sobre a tela enquanto escrevi/desenhei com a S Pen. Esse teste parecia ser um dos mais delicados do produto, mas felizmente é algo que o S6 Lite tirou de letra.

Som e imagem

Os alto-falantes estéreo AKG do Tab S6 Lite são magníficos. Enquanto speakers de tablet, não é de se esperar que sejam potentes nem altos o suficiente, porém, o som superou ligeiramente minhas expectativas. Alguns usuários de portáteis (smartphone/tablet) admitem notar “falta de graves” em speakers dos produtos, porém, não me preocupei tanto com isso ao assistir séries e filmes com o S6 Lite. Foi ao abrir o Spotify que percebi ainda mais a qualidade de som, independente do gênero musical. E nesse mesmo app notei que o som é muito melhor quando fica na horizontal, porque cada orelha recebe o som do respectivo alto-falante, diferente de ele estar na vertical e o som de rebote da base soar um pouco estranho. Falando sobre a tela, ela tem 10,6 polegadas e 2000 por 1200 pixels de resolução, de LCD – ao invés do moderno e potencialmente mais custoso painel AMOLED, o que é compreensível pelo menor valor desta versão. Suporta reprodução de vídeos em UHD 4K e conta com cores brilhantes. O reflexo do display pode ser perceptível em ambiente iluminado, mesmo com o brilho dele no máximo, e isso pode incomodar quem pretende compartilhar a tela com outras pessoas. Assistir filmes em certos ângulos diagonais pode não ser tão confortável aos olhos dependendo do ambiente. À noite, senti que o nível mais baixo do brilho ainda está um pouco acima do que gostaria. Ainda assim, a qualidade da tela e de som fazem o “esforço” valer a pena.

Bateria

Em tarefas mais básicas de acesso, a bateria durou mais de um dia e meio de uso fracionado. Em horas de consumo de streaming, aplicativos em segundo plano e outros apps, ela ainda consegue durar um dia inteiro sem problemas. Para detalhar ainda melhor, segundo informações oficiais, são 13 horas de uso em reprodução de vídeos e até 149 horas em reprodução de áudio. Em uso móvel, essa mesma duração pode dar uma leve variada, porém, mesmo ao deixar aplicativos abertos e janelas flutuantes de propósito, o Tab S6 Lite não decepcionou. Ao carregar a bateria, consegue-se cerca de 20% em meia hora — uma média de 1% em pouco mais de um minuto, a mesma do Fast Charge em certos smartphones da fabricante.

Câmeras e Realidade Aumentada

São 8 MP na câmera traseira e 5 MP na câmera frontal. Em ambientes com iluminação artificial de LED, percebe-se ruído e, em geral, uma qualidade inferior à boa iluminação natural. No segundo cenário as fotos saem muito boas. Sobre este tópico, não diria ser um ponto fraco, pois sua principal forma de tirar fotos não deve ser com um “nada prático” tablet, certo? A câmera cumpre o básico, sem pecar nem exagerar.
Porém, a Realidade Aumentada, via app AR Zone ou atalho dentro do app da câmera, é muito divertida. Desenhar em espaço tridimensional não é uma tarefa fácil, ainda mais quando o software não detecta a distância entre câmera e o objeto capturado. Sem isso, você precisa se acostumar no subjetivo “olhômetro” pra saber onde seus desenhos estariam no espaço 3D. Mesmo assim, dá para simular uma arte em vários objetos que você tenha em casa. Outro destaque que mostra a inteligência do tablet é o reconhecimento facial. Em ambas as câmeras, frontal e traseira, o app reconhece rostos e deixa que você desenhe sobre eles (basicamente, um filtro de Instagram/Snapchat customizável). A grande diferença é que ele usa da tecnologia para distinguir “obras de arte” feitas em diferentes rostos, lembrando deles mesmo que as pessoas saiam do alcance da câmera. Nos testes que fizemos, o AR Zone lembrou-se até mesmo com o aplicativo em suspensão — após encerrá-lo em definitivo, os desenhos foram perdidos. O reconhecimento facial em desbloqueio de tela, porém, funcionou de forma bem modesta. Além de demorar três ou quatro segundos na maioria dos casos bem sucedidos, cerca de 3 a cada 10 tentativas falharam. E não parece haver consistência de iluminação e nem de acessórios colocados (eu uso óculos) ou ausência deles. Já a orientação do tablet pareceu ser outro fator importante: metade das tentativas no modo paisagem falharam. Nesse segundo cenário, a câmera fica do lado esquerdo, e isso dificultou um pouco a detecção, aparentemente. Em leve crítica ao sistema de desbloqueio, creio que realmente seja mais prático o uso dessa mesma tecnologia em smartphones. O ato mecânico de tirar do bolso e olhar a tela (no aguardo do desbloqueio) é mais natural do que abrir a capa de um tablet e fazer o mesmo. Por isso, particularmente, é muito mais simples digitar uma senha da mesma forma que se faz em um notebook e, logo, não considero essa falha da inteligência como um ponto negativo do Tab S6 Lite. Ainda há muito o que trabalhar, levando em conta a tecnologia de R.A. disponível hoje em outros tablets com maior número de sensores e funcionam com mais eficácia. Tratando-se de uma única lente atrás, como é o caso do Tab S6 Lite, afirmo que a brincadeira já é bem válida.

Capa

À parte do design, é importante falarmos sobre a capa protetora do tablet. A Book Cover, nome que ganhou na linha recente de tablets Galaxy, já está inclusa na edição padrão do Tab S6 Lite — o que torna-se um ótimo bônus também, ainda mais se considerarmos que a Book Cover do S6 lançado ano passado custa mais de R$400, vendida separadamente. Na cor cinza, ela possui tiras de ímã que te deixam colocá-lo no modo paisagem em duas angulações diferentes (algo entre 45º e 60º). O material parece resistente e à prova de arranhões a longo prazo, além de ser moderno e complementar o look refinado do produto. A seção afixável na traseira dele é bastante confiável. Com único recorte para câmera, ela se divide em duas abas – para que as angulações citadas anteriormente funcionem. O ímã que deve se separar precisa de duas mãos (não muito fortes) para ser manipulado, e em alguns dias dá para “pegar o jeitinho” e tudo fica natural. Um único problema, que não sei se tratar de pouco tempo de uso (cerca de uma semana até a escrita desta review), é a parte plástica de encaixe da S Pen onde seria a lombada da Book Cover. Ao abrir o Tab S6 Lite “capa contra capa”, por exemplo, ele não fica plano justamente pelas “dobradiças” empurrarem-no ligeiramente para cima. Já que ele faz uso tão bom de ímãs, senti falta de mais um encaixe magnético para facilitar um pouco ao segurar o tablet em mãos.

Uso do Tab S6 Lite na rotina

Utilizar o mesmo dispositivo para ver séries, ouvir podcasts e navegar na internet pode ser satisfatório para quem se contenta com smartphones de tela grande — já que anualmente as bordas “somem”, e as telas podem ficar maiores se depender de certas fabricantes. Particularmente, me senti mais confortável com o tablet para essas ações na rotina de testes do Tab S6 Lite. Quem está acostumado com tablets, nota uma mistura balanceada de aplicativos, pois é um híbrido de versões dos apps para mobile com versões para desktop. Deixando propositalmente aplicativos pesados em suspensão, não notei grande queda de desempenho do aparelho. Inclusive, conectei um controle Bluetooth (de PlayStation 4) para testar certos games da minha biblioteca Google Play e tudo funcionou muito bem. Do contrário, colocar três jogos simultâneos para rodar deixa o engasgo mais evidente. O Google Chrome reconheceu a função hover ao colocar a S Pen pouco menos de uma polegada de distância da tela, imitando como seria usar sites responsivos. Um ótimo exemplo é a home do próprio Showmetech, que dispõe de algumas das matérias principais mais recentes em destaque com animações — caso você passe o mouse por cima. Em desenhos no AutoDesk Sketchbook vi o potencial dos pontos de pressão da S Pen. Estou longe de ser designer, porém já estou familiarizado há alguns anos com a caneta e tablets Wacom, conectados ao PC. Em termos de fluidez da produtividade, o Tab S6 Lite supera mesas digitalizadoras do mesmo escalão.

Conclusão

Para todo tipo de atividade que consegui colocar à prova nos testes do Galaxy Tab S6 Lite, a esmagadora maioria é formada por pontos positivos. A adição da S Pen e da Book Cover compõem um kit completo e econômico sem deixar de lado a altíssima qualidade e nem pesar tanto no bolso. Depois de desistir de destravar a tela com reconhecimento facial, a senha se tornou algo automático (coloquei uma idêntica a do meu smartphone, também da Samsung). Então até mesmo o maior dos “problemas” de software foi resolvido. Com isso em mente, creio não sobrar nada além de elogios a este lançamento, todos esmiuçados ao longo deste review. Mesmo sendo vendido no exterior como concorrência direta do iPad de 7ª geração, aqui no Brasil o Samsung Tab S6 Lite chega por uma faixa de preço inferior do que os modelos básicos do produto da Apple. Ele encontra-se no site do Submarino por R$2.999 — podendo ser comprado por R$2.699 à vista —, um bom valor para as especificações técnicas do produto junto a todo o poder da S Pen. Sem excessos, este é um produto excelente.

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