Mas com o passar dos anos, várias outras fabricantes viram o potencial do mercado, e antes onde o moto g reinava, ele se tornou só mais um em um mar de aparelhos intermediários. Em 2021, porém, a Motorola em sua décima geração do moto g, decidiu que é hora de recuperar a liderança no segmento, e o moto g100, mais poderoso aparelho da linha já feito, é o principal representante disso. Confira nosso review:
Design
Embora venha em uma caixa compacta, a Motorola felizmente manteve o carregador e um cabo dentro da caixa. Vale ressaltar que a capa do aparelho não veio separada na caixa, já vindo instalada no telefone. Com seus 215 gramas e 9,68mm de espessura, o moto g100 é um colosso. Sua tela de 6,7 polegadas deixa o celular alto, mas embora tenha ocorrido um estranhamento inicial com seu peso, o uso no dia-a-dia foi ótimo. Na parte superior da tela, ao lado das várias notificações do sistema Android (aqui, presente em sua versão 11), as lentes de selfie estão localizadas no chamado punch hole display. Discretos, após pouco mais de 10 minutos de uso do aparelho eu já nem conseguia perceber eles lá. Em sua parte de trás, o acabamento que lembra vidro mas na verdade é plástico reflete luz azul ou roxa dependendo da iluminação e do ângulo por qual é visto. É um efeito bem bonito e que deixa com ar de produto premium. Em suas laterais, um botão para ativar o Google Assistente, um sensor de impressão digital implantado no botão de bloqueio, e os controladores de volume. As bordas do moto g100 são arredondadas, o que o deixa confortável, porém seu grande tamanho e espessura podem incomodar quem está acostumado com celulares menores. A parte traseira e as laterais também não contam com nenhuma camada de proteção para impressões digitais, deixando assim o celular com várias marcas em pouco tempo. A caixa, porém, acompanha uma capa protetora, o que impede esse problema. A caixa também acompanha fones-de-ouvido e um carregador turbo, de 20W.
Câmeras
O moto g100 conta com quatro câmeras traseiras, com um sensor principal de 64MP, uma lente ultra grande angular de 16MP, um sensor de profundidade de 2 MP e uma lente ToF. O desempenho em lugares iluminados da câmera principal é bom, com cores naturais. Algumas vezes, porém, dependendo da intensidade da iluminação no local, certas bordas levemente roxas aparecem nas fotos, o que incomoda. O modo noturno ficou abaixo das expectativas. Existe uma grande perda de detalhes, ruídos nas fotos são perceptíveis e acima de tudo o foco da foto fica muito borrado. No fim, o modo noturno me lembrou muito usar o flash da câmera em celulares mais antigos durante a noite, o que realmente não era algo que eu esperava. Em gravações, os mesmos comentários se aplicam, embora no modo noturno ele pareça ter uma perda menor de detalhes, talvez por constantemente estar mudando o foco. Mesmo assim, deixa a desejar. A lente Ultra Larga conta com um desempenho bem semelhante à câmera principal, embora o problema de borda roxa apareça com bem mais frequência, dependendo muito mais da iluminação para evitar suas aparições — o que coloca essa lente em uma situação não muito agradável, já que se ela tem menos iluminação, a qualidade das fotos fica bem inferior à feita na câmera principal. As fotos macro me deixaram bem satisfeito. Desde plantas até miniaturas de carros, os detalhes que a câmera consegue pegar são impressionantes. Detalhes como pequenas falhas nas folhas das plantas ou decalques nas miniaturas se tornam notáveis, sem nenhuma perda. Porém, para uma pessoa trêmula como eu, a falta de um estabilizador de imagem faz falta no moto g100, principalmente nas fotos Macro. Essas fotos presentes nesse texto foram o resultado de mais de 10 tentativas. Na parte frontal, uma câmera de 16MP e outra de 8MP tornam as selfies bem bonitas e nítidas, se tiradas em ambientes com boas iluminações. O modo noturno até está disponível nas lentes frontais, mas o resultado, mais uma vez, deixa a desejar. Uma das principais características das câmeras do moto g100 é o Audio Zoom. Com essa função, durante filmagens tudo que o usuário der Zoom receberá um tratamento para eliminação e diminuição de ruídos, concentrando o áudio para a cena em que foi aplicado o zoom. No papel, parece algo de espião, mas na execução, embora o resultado seja bom, é claro que ainda tem muito o que melhorar, dependendo muito do ambiente e dos sons que estão sendo emitidos durante a filmagem.
Hardware
O principal atrativo do moto g100 é sem dúvidas seu processador, sendo um dos primeiros celulares lançados com o Snapdragon 870 5G. Junto de seus 12GB de RAM, será que o novo celular da Motorola impressiona? A resposta é um sonoro sim. Testando em atividades do dia-a-dia, como mensagens, anotações e redes sociais, o celular demonstra uma velocidade absurda. Em nenhum momento tive travamentos entre passar de Facebook para Twitter ou mesmo do WhatsApp para qualquer outro lugar. Sua conexão Wi-Fi também é fantástica, comigo andando por vários lugares da minha casa onde normalmente o sinal fica péssimo em outros celulares, e ainda conseguindo usar tranquilamente o aparelho. Ele aguenta vídeos do YouTube em 60FPS e 4K, embora a tela Full HD+ não consiga exibir essa resolução. Comparado a celulares mais antigos que também contam com essa possibilidade de reprodução de vídeos, a qualidade no moto g100 impressiona, não contando com nenhum travamento ou distorção. Em um uso com mais demanda do celular, o desempenho também é ótimo. Os jogos King Of Fighters All Star, Genshim Impact e Asphalt 9, jogos conhecidos por seus grandes gráficos e demanda dos celulares, foram executados de forma ótima nas qualidades mais altas possíveis deles. Porém, em especial em Genshin Impact, a partir de cerca de 15 minutos de jogatina o celular começa a esquentar um pouco. Nada muito sério comparado a outros aparelhos, entretanto. A taxa de atualização de quadros de 90HZ da tela também ajuda a ser uma experiência muito boa em todos esses jogos. É interessante comparar o moto g100 com os recém anunciados Galaxy A72 e Galaxy A52 5G, da Samsung, que lá fora contam com preços parecidos e que seguem a mesma proposta: trazer para um aparelho não flagship as funções das linhas mais premium. Os aparelhos contam com o Snapdragon 720 e 750G, e nos benchmarks do Antutu contam com pontuação próxima dos 340 mil. Já o moto g100, com seu Snapdragon 870 5G, conta com quase o dobro da pontuação no mesmo benchmark, chegando aos 660 mil pontos. É uma diferença absurda para celulares em quase a mesma faixa de preço.
Ready For
Recentemente noticiamos aqui no Showmetech a tecnologia Ready For, que permite que alguns celulares Motorola se conectem a partir de um cabo USB-C para HDMI em monitores e televisões, entregando uma experiência desktop. O moto g100 está sendo divulgado com um grande foco nessa tecnologia, inclusive com nossa unidade para análise acompanhando o cabo necessário. O uso do Ready For é simples, bastando conectar o cabo no monitor ou televisão e no celular. O aparelho identificará a conexão no ato e abrirá um pop-up com quatro opções: modo desktop, modo jogos, modo TV e modo bate-papo por vídeo. O modo desktop é bem parecido com o que o Samsung DeX faz, mas com o diferencial que não necessita que os aplicativos sejam atualizados para funcionar nele. Me impressionei bastante em como o moto g100 se comporta nesse modo, servindo como um verdadeiro computador portátil, e imaginei como num futuro pós-pandemia, em possíveis viagens, não terei que deixar meu notebook fazendo peso em minhas malas. Já o modo jogos acabou me remetendo muito ao Nintendo Switch, afinal podemos mudar com facilidade entre jogar em uma TV e de modo portátil. A imagem dos jogos ficou bem boa, e conectando um controle bluetooth a experiência fica como se fosse um console. O modo de TV me pareceu redundante, considerando que a maioria das televisões são smart hoje em dia. Ao conectar o celular nesse modo, todos os aplicativos de streaming se tornam disponíveis na tela. Pensando enquanto escrevia a análise, me toquei que mais uma vez, em viagens, é bom para não logar em televisões de hotel usando minha conta pessoal. Por último, o modo de bate-papo por vídeo. Transformando o celular numa central de reuniões, o aparelho pode servir como a câmera para captar o usuário enquanto os outros participantes da reunião ficam no monitor ou TV. Isso facilita bastante, deixando a imagem bem melhor. No fim, acredito que o principal mérito do Ready For é o seu modo desktop e o modo de bate-papo. Os outros modos, embora interessantes, não me parecem algo que irei usar com grande frequência, porém entendo que isso pode variar bastante entre cada usuário.
Bateria
O moto g100 conta com uma bateria enorme de 5000mAh, que conta com uma otimização fantástica. Uma hora de Genshim Impact gastou a mesma quantidade de bateria de uma hora de vídeo no YouTube, 11%, impressionando bastante. Comigo constantemente tirando fotos, jogando, deixando aplicativos abertos, navegando no Chrome e vendo vídeos, a bateria celular conseguiu durar um dia e meio, uma métrica bem boa. Ele vem na caixa com um carregador turbo de 20W, que carrega 100% da bateria em cerca de duas horas, o que não é um período rápido mas também não é lento. Recomenda-se que você sempre lembre de carregar antes de dormir, só para ter certeza que terá um dia completo.
Conclusão
Assustando inicialmente pelo seu peso, no fim de vários dias de testes eu acabei por adorar o moto G100. É claro que ele tem seus defeitos, em especial na câmera, mas o fato é que muitas das tecnologias disponíveis nele só estão presentes em celulares com preços bem maiores. O Ready For também é um grande atrativo, me parecendo uma aplicação ótima do conceito de celulares que viram mini-computadores. O fato dos aplicativos ainda funcionarem nele, sem necessitar de atualizações, ajuda em vender o conceito. E o processador Snapdragon 870, junto dos 12GB de RAM do Moto G 100, tornam o uso do celular uma experiência rápida e ótima. Considerando seu preço sugerido de R$3.999 — que você já pode comprar por R$ 3.599 à vista no Submarino — o meu veredito é que ele é um ótimo celular que caso você tenha oportunidade de adquiri-lo, vá sem medo.