Apoiado em uma grande onda de nostalgia graças ao Modern Warfare 2 original (perceba que este não tem o II romano), o novo jogo prometia ser o retorno do rei de jogos de tiro online. Com uma campanha militarizada, um modo cooperativo tático e multiplayer frenético, o novo jogo veio para ficar. Mas, afinal, quais são os pontos positivos e negativos?

Campanha épica

A campanha começa alguns anos depois dos acontecimentos de Call of Duty Modern Warfare (2019), com o Tenente Simon Riley (ou Ghost para os mais íntimos) investigando uma transação entre a facção terrorista Al Qatala e o governo do Irã. Logo nos primeiros minutos de jogo, os roteiristas revelam o tema central da campanha: Estados Unidos invadindo países e pagando o preço por isso. Um míssil teleguiado com poder de destruição em massa é utilizado para dizimar um pequeno comboio de soldados, tudo com o único objetivo de matar o líder atual dos terroristas. É óbvio que isto não iria ficar assim, já que as ações dos Estados Unidos resultaram no nascimento de Hassan, um novo líder que é ainda mais radical que o antecessor. Em questão de poucos meses, o novo líder conseguiu montar um exército altamente militarizado, que obrigou os Estados Unidos a juntar os membros da Task Force 141 em uma missão de capturar ou matar no deserto fictício de Al Mazrah. É durante a primeira missão como membros da 141 que o capitão Soap MacTavish e Ghost descobrem que Al Qatala está em possessão de mísseis americanos. Isso desencadeia uma série de missões de reconhecimento e espionagem, levando os personagens até o México na cidade de Las Almas. Em Las Almas, o time 141 entra em contato com Alejandro Vargas, chefe das fuerzas especiales e especialista no combate contra o Cartel comandado pelo misterioso “El Sin Nombre”. O Cartel é responsável por abrigar Hassan no território mexicano, e faz com que Soap e Ghost descubram a verdade podre por trás do financiamento da guerra das drogas. A campanha, apesar de ser relativamente curta, é repleta de missões memoráveis e com momentos chaves que já esperamos de outros jogos da franquia Call of Duty. Os personagens parecem reais, cada um tem suas motivações e personalidades, e o dialogo é sutil. Apesar do jogo seguir alguns clichês e o seu “plot twist” ser facilmente previsto (especialmente para aqueles que jogaram o MW2 original), Call of Duty Modern Warfare II entrega uma das melhores campanhas da história da franquia, e me faz pensar que ainda existem pessoas nos estúdios da Activision que se importam com o jogo. É impossível não sorrir quando Price faz alguma referência aos jogos originais, principalmente em uma missão que é totalmente inspirada pela famosa missão em Pripyat, do CoD 4. Graficamente e tecnicamente, Modern Warfare II demonstra o poder do novo motor gráfico da Infinity Ward, entregando diversos cenários fotorrealistas e sons prazerosos. Todos os locais são fielmente retratados, a direção de arte é impecável e a performance do jogo é de dar inveja. Eu joguei em um Xbox Series S e não sofri com nenhum tipo de problema que atrapalhasse a minha experiência (na campanha). A campanha foi uma surpresa muito agradável, e superou todas as expectativas que eu tinha criado graças ao belo marketing do jogo. Mas afinal, e o multiplayer? Será que é bom?

Multiplayer melhorado

Vamos ser sinceros, 80% das pessoas que compram Call of Duty todo ano não compram pela campanha. Quando falamos de CoD, a primeira coisa que nos vem na cabeça é sair correndo com uma MP5, pulando, atirando e mandando killstreaks de alto escalão como um AC-130 ou até mesmo o tão cobiçado Nuke. O modo multiplayer de Call of Duty Modern Warfare II trouxe muitas mudanças positivas para o sistema clássico do jogo, mas também algumas coisas que, como veterano da franquia, me incomodaram profundamente. Vamos deixar uma coisa clara: a jogabilidade é a melhor que a franquia já teve, e isso é inegável. Mas e o restante? Vamos começar falando do novo sistema de armas. Em MWII, os desenvolvedores jogaram fora o sistema clássico de ganhar armas conforme o jogador vai subindo de nível e adotaram um sistema de “árvore”. Desta forma, para você desbloquear (por exemplo) a M16, é necessário subir o nível da M4, desbloquear a LMG 556 Icarus, subir o nível da Icarus até o 13 e só então que o jogador poderá usar a M16. E não para por aí! Os equipamentos acopláveis que você pode colocar em suas armas é compartilhado entre todas, mas você precisa liberar este equipamento usando a arma correspondente antes. Ou seja, se você quiser usar um tipo específico de mira que é exclusiva da Kastov (Arma equivalente à AK-47) na sua M4, você vai ter que jogar com a Kastov até atingir o nível necessário. Parece bem complicado, não é mesmo? Apesar de no início eu ter tido problemas com este novo sistema, com o tempo eu comecei a apreciá-lo. Ele foi criado com o intuito de permitir que os jogadores experimentassem mais armas, gerando mais rotação e quebrando a norma do “meta”, que vem estragando a experiência de vários jogadores nos últimos jogos. Depois de passar um tempo entendendo como o sistema funcionava, eu comecei a planejar montagens diferenciadas de minhas armas, e isso me obrigou a jogar com armas que eu nunca teria encostado anteriormente. Outra grande mudança foi no sistema de perks. Desta vez, o jogo não oferece um sistema clássico com 3 “tiers” de perks, colocando um sistema de evolução no lugar. O jogador deve selecionar dois perks básicos para começar a partida, um intermediário desbloqueado após alguns minutos e um “máximo” que desbloqueia após metade da partida ter ocorrido. Desta forma, você não corre o risco de ter jogadores correndo com o “Ghost” logo de início, criando um pé de igualdade maior para todos, sejam pro-players ou amadores. Estas duas mudanças foram as mais significativas, e no geral eu vejo que elas encaixaram bem com o tipo de jogabilidade que os games da franquia Modern Warfare oferecem. Diferente dos Black Ops, Modern Warfare recompensa jogadores que agem de forma mais tática, mas sem deixar a agressividade de lado. Infelizmente, os novos mapas refletem nessa mentalidade, e eu devo admitir que não sou fã de nenhum deles. O jogo atualmente conta com 9 mapas no total (tirando os do modo Ground War, que é mais parecido com a jogabilidade clássica de games como Battlefield). Destes 9 mapas, pelo menos metade são horríveis. É claro que isto é minha opinião pessoal, mas eu particularmente não consigo entender como certos mapas foram aprovados pela equipe de qualidade da Infinity Ward e da Activision. Por exemplo, um destes mapas se chama “Santa Seña Border Crossing”, e o seu design é literalmente uma linha reta repleta de carros que explodem conforme granadas são jogadas. O mapa tem uma pequena abertura do lado direito, mas ainda assim é uma enorme reta que deixa a visão dos jogadores obstruída por objetos inúteis. Este mapa promove a famosa “camperagem”, ou seja, ganha aquele jogador que ficar sentado quietinho esperando os inimigos aparecerem na frente dele. Infelizmente, este não é o único mapa que promove isto. Enquanto o Modern Warfare 2019 era criticado por oferecer mapas maiores e com menos pontos para campers, Modern Warfare II oferece mapas menores, mas com grandes corredores que favorecem o jogador que gosta de ficar parado o tempo todo. O design dos mapas é totalmente desconexo, e eles parecem não entregar nenhum tipo de estrutura lógica. É difícil não falar mal dos mapas quando eles são a coisa mais importante dentro de um jogo multiplayer. Apesar de ser um jogo novo, eu fiquei triste ao perceber que nenhum mapa do jogo original havia sido remasterizado, o que provavelmente indica que os desenvolvedores vão adicioná-los aos poucos durante as próximas temporadas. A ótima jogabilidade e os novos sistemas não conseguem se sustentar sem bons mapas, e isso faz muita falta em Modern Warfare II. Também preciso falar do sistema de progressão do jogo. No momento desta review, o jogo ainda não tem desafios além das camuflagens de arma, não tem um passe de batalha, o nível máximo é 55, e muitos sistemas que são básicos e eram presentes no lançamento de outros jogos da franquia estão em falta. Por exemplo, o jogo não tem um quartel-general que detalha a progressão histórica nas partidas, e é muito difícil entender a decisão dos desenvolvedores de não incluir algo tão básico desde o lançamento. Apesar disso tudo, o multiplayer ainda diverte. Fazia muitos anos que eu não acordava com aquela vontade louca de jogar algumas partidas, e todo dia eu via que “algumas partidas” se tornavam horas e horas de jogo. Isto é prova que, apesar dos inúmeros problemas, a Infinity Ward criou algo que vale a pena jogar, apenas precisamos ter paciência e esperar as atualizações futuras com novos mapas e armas.

Coop tático

O modo “Spec Ops” retorna com missões cooperativas para dois jogadores, e continua com a história da campanha. No momento, o jogo oferece apenas três missões, mas cada uma traz novidades e mecânicas diferentes. De todas, a minha missão favorita é a primeira, em que você e um colega devem invadir três bases distintas na madrugada sem levantar suspeitas ou acionar alarmes. A inteligência artificial usada no modo cooperativo é muito boa. Os inimigos reagem de forma muito realista, mudando de posição, pegando cobertura ou até gritando após tomar tiros. É importante notar que esta mesma inteligência artificial será usada no novo Warzone 2.0, que lança na metade do mês de novembro. O coop é uma experiência agradável para jogar com amigos, mas a falta de missões pode ser decepcionante. A Infinity Ward já afirmou que novas missões vão chegar junto das novas temporadas, então resta esperar para ver o que eles tem em mente.

Considerações finais

Call of Duty Modern Warfare II, apesar de alguns problemas com o design de mapas, traz uma experiência sólida e compacta nos três principais modos de jogo. O multiplayer é viciante, a sua campanha é a melhor da franquia em muitos anos e o modo cooperativo tem um enorme potencial, mas tudo depende da boa vontade dos desenvolvedores. No final de tudo, Call of Duty voltou maior do que nunca, com Modern Warfare II sendo uma grande pedida para os amantes de jogos de tiro. Veja também: Quer saber os detalhes do futuro Warzone 2.0 em Modern Warfare II? Veja a cobertura do Call of Duty Next: Warzone 2, novidades do Multiplayer e mais

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