Depois do que pareceu uma eternidade de especulações e rumores, o iPhone X já está no mercado há pouco mais de dois meses, tendo sido anunciado há quatro. “O futuro do iPhone”, “os próximos dez anos de mobile da Apple”, entre outras grandes frases de efeito, já podem ser encontradas pelo consumidor ao redor do mundo e também no Brasil. Há muito o que se gostar no iPhone X: a melhor tela OLED em um smartphone do mercado, um reconhecimento facial à frente de qualquer outra fabricante, além de uma otimização de software e hardware invejável – apesar dos recentes bugs com o iOS 11. Isso porque não citei as câmeras que fazem qualquer pessoa parecer um profissional e, claro, os Animojis. Após um mês com o iPhone X, na versão cinza espacial, de 256 GB, cedido pela Apple ao Showmetech, você confere a análise completa do aparelho.

Abrace o notch

A princípio, o iPhone X é apenas sobre o notch, carinhosamente apelidado como testa, dente, aba e, por que não, ‘orelha’. Essa é a primeira coisa que você percebe quando está vendo pela primeira vez ou encontrou no ponto de ônibus alguém com um smartphone que custa R$ 7.000,00. E, acreditem, além de ser a nova marca do que um iPhone significa, ele não incomoda em nada, mas chegaremos nisso em um momento. O iPhone X é o maior smartphone da Apple que cabe perfeitamente na mão. Com uma tela de 5,8 polegadas, em um corpo entre o iPhone 8 e o iPhone 8 Plus, ele é confortável, graças ao acabamento em vidro e aço inoxidável, e tem uma pegada firme. Com o display praticamente sem bordas, é muito bem recebida a mudança da tela LCD para o OLED. E apesar de ter demorado mais do que as concorrentes, a Apple fez jus ao entregar uma excelente tela – a melhor das OLEDs, segundo os testes. Outro ponto interessante é a tecnologia True Tone do display que torna a imagem do iPhone ainda mais real. Isso porque a tela se adequa ao ambiente. Se ele estiver mais quente/amarelado, a tela segue – e o mesmo serve para ambientes claros/azuis. A melhor parte é que o usuário não percebe essa mudança na cor, é tudo natural. Além disso, estamos falando da volta do vidro ao iPhone, que passou seis anos tendo o alumínio como acabamento traseiro. Pela primeira vez na história, a traseira é composta apenas pelo seu nome, a Maçã e a câmera dupla na vertical – o design mais limpo feito pela Apple. Vale notar que limpar o X nunca foi tão simples. Com uma flanela ou mesmo a camiseta, é só passá-la para ver o smartphone limpo, como se tivesse sido tirado da caixa. Assim como o antecessor, ele não tem entrada P2, apenas o conector Lightning para carregar e ouvir música. Voltando ao notch, ele acaba sendo tão satisfatório, que a minha intenção é que ele fique à mostra a todo o momento. Seja nos aplicativos já otimizados, em fotos ou em vídeos. Ele não atrapalha mesmo.

Face ID: o reconhecimento facial do futuro está quase aqui

Um dos destaques do iPhone X está no sensor de reconhecimento facial. Não é por menos, já que a Apple abandonou o Touch ID no “iPhone do futuro” e implementou o Face ID. Diferente do primeiro sensor de impressões digitais lá no iPhone 5S, o Face ID não poderia estar cru, afinal já eram anos de familiaridade com o antigo sistema e ele era responsável por desbloquear o celular, fazer compras na App Store, desbloquear aplicativo de banco e até fazer compras com o Apple Pay (em países selecionados). O Face ID é composto por diversos sensores que tornam o reconhecimento preciso, rápido e, na maioria das vezes, útil. “Abraçar o notch” está diretamente ligado a abraçar essa tecnologia de reconhecimento facial, que está a pelo menos um ano à frente das outras fabricantes. Debaixo da ‘testa’ do iPhone X, encontramos os seguintes componentes:

Projetor de pontos: mais de 3o mil pontos invisíveis são projetados no rosto para criar um mapa facial único; Câmera infravermelho: analisa o padrão de pontos mapeados e envia os dados ao Secure Enclave no chip A11 Bionic, que realiza a confirmação; Emissor de luz: a luz infravermelha invisível ajuda a identificar o rosto até mesmo no escuro.

Juntando tudo isso, a resposta ‘se o Face ID funciona tão bem quanto o Touch ID’ é ‘sim’. Agora, assim como o Touch ID tinha as suas limitações, o mesmo acontece com o Face ID. Encare o dedo molhado, suado, com luvas ou sujo como estar deitado na cama, tentar desbloquear o iPhone sem olhar para ele ou ter um objeto cobrindo parte do seu rosto, como um cachecol.

Face ID x Touch ID

Se por um lado o Face ID resolve todos os problemas com a mão do Touch ID, outros surgem, como os citados acima. Não existe sistema perfeito, mas ele é preciso. Na hora de cadastrar o rosto, dicas como ter uma boa iluminação, fazer o procedimento com calma e usar visuais diferentes são maneiras de tornar o sensor cada vez mais rápido. E a questão de segurança é levada tão a sério que, ao acordar, por exemplo, não dá para desbloquear o iPhone com apenas meio olho aberto, muito menos se você estiver de lado na cama. Talvez sejam questões que numa segunda geração poderiam ser incluídas como função (?) Fato é que, embora o recurso tenha suas limitações, não perde em nada para o antigo Touch ID.

O Face ID levanta mais uma vez outra questão muito importante que é a privacidade do usuário. Por padrão, as notificações na tela ficam bloqueadas e apenas quando o usuário olha é que elas de fato aparecem. O interessante disso é que você pode emprestar o iPhone X para qualquer pessoa ver, que ela não vai ter acesso às suas notificações. Em relação a velocidade do desbloqueio, ele é bem rápido: basta olhar para tela enquanto desliza o dedo para cima para já começar a usar o aparelho. É possível “acordar” o telefone ao levantá-lo da mesa, tirá-lo do bolso ou ao dar um toque na tela. Quando outra pessoa tenta “usar” o seu Face ID, é preciso bloquear a tela e em seguida você olhar para ela para funcionar. Se o seu amigo tentou usar o Face ID e em seguida ele apontar o celular para você, o iPhone não desbloqueia.

Animoji

O bom de fazer a análise do iPhone X depois do hype inicial é que algumas coisas ficam mais claras e fáceis de entender. Um dos chamarizes do smartphone são os Animojis e, claro, eles são muito legais. Com 12 emojis diferentes, você pode expressar sentimentos e emoções no iMessage em vídeos de dez segundos assumindo outra persona. Os Animojis são únicos e exclusivos para o iMessage, apesar de ser possível salvá-los como um vídeo e depois mandar no WhatsApp. Isso significa que eles foram basicamente feitos para uma interação iPhone-iPhone. É possível franzir a testa, fazer cara de triste, surpreso, alegre entre outras reações. Não é possível mostrar a língua – o que é uma pena – e a câmera TrueDepth não reconhece tão bem uma piscada de olho. O interessante é a possibilidade de usar uma reação sua como adesivo. Basta tocar na imagem do Animoji e arrastá-la para a conversa que você cria um adesivo. Esta seção serve para dizer que a função é muito legal nos primeiros dias, mas ao longo do tempo, acaba não sendo algo tão utilizado, principalmente porque aqui no Brasil é mais difícil encontrar pessoas dispostas a trocar o WhatsApp pelo iMessage – ou até que tenham um iPhone X.

Gestos e iOS 11

Antes mesmo do iPhone X ser lançado, o iOS 11 já dava um gostinho do que seria usar o novo smartphone da Apple. O iPad, por exemplo, já compartilha de diversos gestos, onde o botão inicial não é mais necessário para abrir a tela dos apps, entrar em outro aplicativo ou até fechá-lo. Aqui, no Showmetech, já falamos de como cada gesto funciona e eu recomendo que você dê uma olhada para entender mais sobre como usar o iPhone X abaixo:

Em relação ao iOS 11 no iPhone X, o sistema operacional não costuma dar problema, é fluido e entrega uma boa experiência. Dentre os bugs que eu percebo com mais frequência mesmo no iOS 11.2.2 é ao desbloquear a tela, no canto superior esquerdo, aparece como se eu estivesse numa ligação, mesmo sem estar. Fora isso, os gestos são simples de compreender e não leva mais do que alguns minutos para o usuário entender como funciona o iPhone X. O que demorei mais para acostumar foi a Central de Notificações no canto superior direito e não mais na parte inferior do aparelho.

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Em relação aos aplicativos não otimizados para o iPhone X, é normal ver uma barra preta na parte de cima e de baixo da tela e, mesmo com os apps otimizados, ainda é possível ver alguns erros que precisam ser corrigidos. Se você também foi um dos primeiros a ter um iPhone 6 e 6 Plus consegue entender que alguns aplicativos demoram meses para voltarem a rodar 100%. Essa não é uma questão que me incomoda, apesar de agradecer por aplicativos como o Google Agenda, Nubank, entre outros já estarem rodando otimizados para o notch. Uma última nota é: apesar das novidades do iOS 11, acredito que este tenha sido um sistema operacional voltado para os iPads – especificamente o Pro – ou seja, o potencial de software do iPhone X ainda pode ser melhor explorado em uma nova atualização, como o iOS 12, que deve ser apresentado apenas na WWDC 2018.

Clicado com o iPhone

As câmeras do novo iPhone são ainda melhores que as do iPhone 8 Plus. Com 12 MP cada, a lente grande-angular conta com uma abertura ƒ/1.8, enquanto a teleobjetiva tem uma abertura ƒ/2.4. Em outras palavras, isso significa fotos ainda melhores em ambientes com baixa iluminação. As fotografias com o iPhone X costumam ser bem naturais e é uma experiência cada vez melhor a cada lançamento de iPhone. Assim como no 8 Plus, o destaque está no Modo Retrato e no modo Iluminação de Estúdio, que prometem cliques profissionais em um smartphone. E caso você saiba utilizar os recursos, é justamente isto que você recebe. A única reclamação, que está mais para limitação, são as fotos à noite com o Modo Retrato, que acaba deixando a imagem bem mais escura pelo uso simultâneo das duas lentes. Se o usuário optar por fazer uma foto com a câmera normal, o resultado é bem impressionante, mesmo com pouca luminosidade. O efeito bokeh, apesar de ser um dos melhores dos smartphones atuais, ainda encontra dificuldades com animais e objetos. Pessoas loiras ou com cabelo comprido também podem confundir o software sobre o que é o fundo e o que é destaque na foto. Assim como dito no review do iPhone 8 Plus, o Iluminação de Estúdio nem sempre funciona bem no modo “Iluminação de Palco” e “Iluminação de Palco Mono”, que deixa todo o fundo preto e só o objeto principal em destaque. Para resolver esses “problemas”, essas são algumas soluções: quanto mais informação no fundo da foto, mais fácil é para as câmeras entenderem o que é o objeto principal e o que está em segundo plano, então não tente fazer um retrato numa parede branca.

Quando estas regras são seguidas, as fotos costumam ficar espetaculares

Já no caso do “Iluminação de Palco”, é preciso chegar mais próximo da pessoa e evitar que objetos entre a pessoa e a câmera sejam capturados (uma mesa, por exemplo) e ela também não pode estar com as mãos na cintura, pois o buraco entre o braço e o fundo o software não reconhece bem.

Um Face ID para fotos melhores

A câmera de selfie do iPhone X conta com abertura ƒ/2.2 e tem 7 MP de resolução. A diferença para as câmeras dos iPhone 8 e 8 Plus está justamente nos sensores do Face ID que permitem, pela primeira vez, o efeito bokeh com a câmera de selfie em um iPhone. O resultado é bem bacana e de maneira geral as fotos com a câmera frontal são bem satisfatórias. Apesar de não ter uma angulação muito grande – o que não permite pegar muita informação do fundo de maneira geral – o mais importante estará sempre em destaque: você.

Bateria para quase um dia inteiro

A bateria do iPhone X não é de longe o destaque dele. Diferente do iPhone 8 Plus que aguentou tranquilamente o meu uso diário, o X penou na maior parte do tempo em que eu estive com ele. Isso pode significar três coisas: No que posso dizer é: acho que me empolguei com as funcionalidades e usei o iPhone “mais do que o necessário”. Ou seja, num uso normal, como nas últimas semanas, “ouvindo música, acessando redes sociais e deixando ele ao lado do computador para ver notificações”, é possível sim ficar o dia inteiro com ele longe da tomada. Caso seja preciso manter a tela do iPhone ligada por muito tempo, com jogos, vídeos ou muito uso da câmera, a bateria vai mais rápido, mas é possível chegar a quase a um dia todo de uso. Um ponto negativo da nova geração de iPhones é o tempo de recarga deles: com o carregador padrão de 5W da Apple, espere entre 3h30 e 4h para ver uma carga completa; com o de 10W do iPad, o tempo já cai para pouco mais de 2h. Ainda assim, como você deve saber, o iPhone X é o primeiro a ter carregamento rápido (junto do 8 e 8 Plus) e ao usar o carregador do MacBook Pro de 29W (e um cabo USB-C para Lightning, vendido a parte), é possível carregar 50% em 30 minutos ou tudo por volta de 1h30. Como essa não é a escolha mais comum entre os usuários (já que é necessário comprar um MacBook Pro novíssimo ou o carregador e cabos a parte), é provável que a maioria tenha que ir com a opção de 10W e ficar mais de duas horas para carregá-lo completamente.

Contudo, uma coisa importante de notar é a eficiência do processador A11 Bionic, que faz um trabalho muito bom em uso simples, como ouvir músicas e redes sociais. Por ter seis núcleos, dois deles são dedicados para atividades que não consomem muita energia – o que faz a bateria do iPhone durar mais. Por fim, vale lembrar que o iPhone X também tem à sua disposição o carregamento wireless, ou em outras palavras, por indução, já que não é necessário plugar nada na entrada Lightning dele, mas por enquanto a Apple não disponibiliza um acessório próprio ou de terceiros aqui no Brasil.

Conclusão

O iPhone X é o melhor iPhone já lançado pela Apple, mas essa frase nunca fez tanto sentido quanto em 2017 (ok, 2018), afinal, é este o smartphone que promete ditar os próximos dez anos do mercado mobile (mesmo que seja só o da Apple). A questão é que diferente de 2007 e 2017, parece um desafio muito maior pensar no smartphone como ele é hoje em 2027. Uma coisa é certa: o futuro é wireless, sem bordas e com um reconhecimento facial invejável – ao menos que você tenha um irmão gêmeo idêntico. E, quem sabe, nos próximos dez anos não tenhamos uma Siri mais proativa, um iOS cada vez mais integrado com as diversas plataformas da Apple e câmeras prontas para qualquer situação do dia dia.

O iPhone X já está aqui, já é uma realidade e dá um gostinho, mesmo que muito caro, do caminho que a Apple quer seguir. O aparelho começa a ser vendido no Brasil a partir de R$ 6.999,00 na versão de 64 GB e R$ R$ 7.799 na versão de 256 GB, bem acima dos demais concorrentes do segmento premium de smartphones.

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