A desenvolvedora do game, Moondrop, cedeu ao Showmetech uma cópia digital de Degrees of Separation para Switch e, após algumas semanas de jogatina intensa, nós apresentamos a você uma análise completa desse game que promete aproximar o jogador da vida de dois personagens tão próximos mas tão longes, ao mesmo tempo.

Como fogo para gelo

Com uma proposta simples, mas uma execução muito bem feita, Degrees of Separation é game no estilo puzzle plataforma que encoraja a interação entre dois jogadores. O jogo pode ser jogado de modo solo, porém, ele promete fornecer uma experiência muito mais imersiva com dois jogadores controlando os personagens da aventura. Isso porque a história do game gira em torno de dois protagonistas, Ember e Rime. Ambos são elaborados e interessantes, apesar de nunca expressarem uma linha de diálogo durante o curto período do jogo. Cada um representa uma parte oposta do mundo em que vivem. Ember é relacionada ao calor e fogo, enquanto Rime pertence ao frio e gelo. Estes dois elementos são opostos naturais e o jogo utiliza isso de uma forma curiosa para construir a realidade e a temática do mundo dos personagens. Mesmo sem se conhecerem e separados apenas por alguns graus de distância, os personagens precisam se unir para coletar diversos cachecóis mágicos espalhados pelo mundo para progredir em sua jornada. Uma linha mágica que percorre a tela separa os dois personagens e seus climas. Cabe aos jogadores usarem estrategicamente os ambientes e as habilidades de Ember e Rime para resolver vários quebra-cabeças em todo o mundo. Por exemplo, enquanto controla Rime, você será capaz de andar sobre a água, que congela no seu lado do mundo. Ember, por outro lado, pode respirar sob a mesma água e atravessar áreas que Rime não seria capaz de fazer. Usando uma combinação inteligente de suas habilidades, os jogadores podem pegar os lenços e passar para outras áreas. É muito simples alternar entre os dois personagens. Caso os dois estejam próximos, a linha mágica irá separá-los mas você somente precisa controlar o movimento de um para que o outro (se estiver a sua frente) se mova também. Pode parecer estranho de visualizar, mas essa funcionalidade poupa tempo de ter que trocar de personagem a todo momento. Já se Ember e Rime estiverem muito distantes, a tela fica dividida e se ajusta conforme a necessidade da situação para que os personagens vislumbrem seus arredores.

Dois mundos, muitos desafios

Degrees of Separation tem um sistema de jogabilidade divertido que é bem menos complexo do que parece. Os quebra-cabeças são, em sua maior parte, nunca muito desafiadores, o que o torna perfeito para uma experiência cooperativa (ou solo) relaxante. A Moondrop tinha a ideia de criar um modo online para o game mas, até o momento da publicação dessa análise, essa funcionalidade ainda não está presente no jogo. Para progredir na trama, você não precisa necessariamente coletar todos os cachecóis em uma determinada área, embora aqueles que gostam de completar todos os objetivos no game farão disso sua meta principal. O que torna o game ainda mais simples e convidativo para jogadores casuais que procuram uma experiência diferenciada é que Degrees of Separation não possui um sistema de saúde e nenhum dos personagens pode morrer ou ser ferido. Enquanto a história é bastante simples quando se trata de enredo (quase clichê, na verdade), há uma narração que percorre todo o jogo, oferecendo uma visão das vidas passadas de Rime e Ember e ajudando os jogadores a entender como certos elementos do jogo funcionam. A narração também é útil para transmitir os temas de Degrees of Separation como o amor, amizade, separação, tristeza, entre outros. O roteiro do game foi escrito Chris Avellone, que já trabalhou em muitos títulos de videogames aclamados pela crítica como Star Wars: Knights of the Old Republic II – The Sith Lords. Em Degrees of Separation, o emprego do minimalismo no jogo funciona em seu benefício. É um dos maiores pontos fortes do título. Tudo que é necessário para elaborar o contexto de mundo dos personagens está lá, desde o visual com paisagens que parecem saltar de uma aquarela, até a trilha sonora que transmite as emoções certas. Não existem “sobras” nem excessos.

Mais do que apenas alguns graus

Mesmo assim, existem pontos fracos em Degrees of Separation que impedem o jogo de ser algo que vale a pena recomendar completamente aos seus amigos e conhecidos. Bugs e problemas técnicos estão em toda parte, desde o movimento dos personagens até problemas frustrantes de queda. Além disso, o sistema de salvamento não funciona de maneira correta e possui muitas falhas, o que pode incomodar muito os jogadores. Há também a sensação de que as habilidades de Ember e Rime nunca são completamente exploradas. Existem apenas alguns elementos únicos que diferenciam os dois personagens e teria sido melhor ver o Moondrop implementar um pouco mais de criatividade neste departamento. A impressão que fica é de que o desenvolvedor não queria complicar demais a mecânica para manter o jogo o mais próximo possível de uma experiência cooperativa simples. Porém, essa desculpa não justificava a quantidade de “backtracking” (voltar para trás, em inglês) e enigmas repetitivos que o game possui. Analisando Degrees of Separation de forma profunda, é mergulhar em um misto de opiniões. Certamente o game é divertido e leve o suficiente para que os pais possam facilmente brincar com seus filhos (ou mesmo entre casais de namorados ou amigos), especialmente com quebra-cabeças que nunca são tão exigentes. A narrativa é simples, porém tocante na medida certa, e revelada de uma forma que parece mais semelhante a um conto de fadas do que a uma exposição tediosa. No entanto, suas falhas técnicas e problemas de jogabilidade não podem ser ignorados, separando-o dos jogos com temáticas semelhantes que possuem um maior grau de polimento.

Tão perto, mas tão longe

Há um conceito muito interessante enterrado dentro das paisagens belamente detalhadas e personagens coloridos criados pela Moondrop, especialmente em como os dois principais protagonistas contribuem para a resolução de quebra-cabeças. É uma pena que Degrees of Separation nunca seja profundo o suficiente para atingir algo verdadeiramente brilhante e inovador. A quantidade frustrante de bugs e problemas técnicos que dificultam a progressão parecem separar o jogador do mundo do game muito mais do que o fogo e o gelo separam Ember de Rime.

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