Uma cópia de Days Gone para PC foi gentilmente enviada pela NVIDIA para a elaboração deste review, e depois de alguns dias de gameplay eis a nossa análise do título. A Sony parece estar realmente engajada em trazer mais projetos já existentes em seus consoles para o mundo dos computadores e isso é uma excelente notícia. Death Stranding, embora seja um game muito divisivo, é unânime quando falamos de uma boa performance. Horizon Zero Dawn, por sua vez, já agrada uma média maior de jogadores, mas o seu lançamento foi uma verdadeira dor de cabeça. Days Gone vinha com uma missão e tanto: tentar equilibrar uma boa experiência técnica no teclado e mouse, enquanto também servia como um título narrativo de expressão. O grande problema é que o game consegue cumprir o primeiro papel muito bem, mas desde o PS4 sofria inúmeras críticas por ser apenas mais um game de zumbis em meio a uma temática tão saturada.

Dois caras numa moto

Days Gone começa como manda o figurino. O game se inicia com uma cinemática de poucos minutos com o nosso protagonista Deacon, seu grande amigo Boozer e sua esposa Sarah, com um ferimento na barriga, fugindo do que parecia ser o início de um “apocalipse zumbi”. Na tentativa de salvá-la, Deacon encontra um helicóptero prestes a decolar, porém, a aeronave já estava com o limite de cargo no máximo, obrigando o protagonista a tomar uma decisão: embarcar com sua esposa e deixar seu amigo ou deixa-la sozinha e ajudar Boozer a sobreviver contra hordas de criaturas. Deacon deixa Sarah sob cuidados médicos e se une a Boozer, que começam o gameplay alguns anos num futuro próximo. Os dois são grandes motoqueiros e boa parte da trama teremos uma motocicleta veloz como meio de locomoção. De forma simples, Days Gone conta a história desses dois personagens enquanto relembra acontecimentos marcantes da vida de Deacon e sua esposa através de flashbacks. Por se tratar de um mundo devastado por zumbis, sobrevivência, perdas, etc, Days Gone pode passar a impressão de que quer ser um The Last of Us 2.0 da Sony. Todavia, isso não acontece e a proposta do game é distinta, embora a fórmula possa parecer a mesma. No mais, a história do jogo é simples e direta, muita das vezes. No entanto, é rasa, sem profundidade ou grande aprofundamento. Não devemos começar a jogar Days Gone no intuito de experimentar uma obra narrativa complexa, com inúmeras camadas ou nuances. Para mim tudo não passa de um pano de fundo remendado para sabermos sobre a história de vida dos protagonistas e claro, se divertindo matando zumbis. Se a narrativa é fraca, por outro lado o desenvolvimento dos arcos dos personagens é muito bom. A amizade entre Deacon e Boozer passa uma boa naturalidade logo nos primeiros 40 minutos de gameplay e convence de que há personagens palatáveis e com personalidade. Principalmente Deacon, interpretado precisamente por Sam Witwer, que leva um tom sarcástico e muito carismático para o protagonista. Porém, algo dentro de mim ainda insiste em expressar que Days Gone não se sustente apenas com seu protagonista. Ele precisava de mais e infelizmente o roteiro apático não oferece muita coisa. As missões principais são clichês entediantes e particularmente eu sou um grande amante de um clichês, mas quando feito de forma correta. As missões secundárias são tão vazias quanto os cérebros infectados dos nossos adversários.

A Terra da Liberdade mais uma vez devastada…

É normal ver em certas mídias como os estadunidenses tem orgulho em dizer que seu país goza da liberdade irrefutável de seus cidadãos e Days Gone chega a tocar nesse assunto brevemente em alguns diálogos. Que grande contraponto, “o país mais livre do mundo” sofrendo com as dores de um aprisionamento e sobrevivência daqueles que ainda são humanos. A palavra liberdade foi um grande trunfo da indústria de games na década passa ao desenvolver cada vez mais games de mundo aberto. O grande problema é que com o passar do tempo, esses mapas abertas foram ganhando proporções cada vez maiores a cada ano e geralmente o tamanho vinha acompanhado de atividades entediantes, sem nexo ou variedade. Com Days Gone para PC isso não é tão diferente. O mundo aberto do jogo se passa no estado de Oregon e o mapa é relativamente extenso. Sendo sincero, até tem bastante coisa para fazer, mas o ritmo da campanha não ajuda na saga do jogador pela exploração. Por sorte, o game triunfa em um aspecto central: a nossa moto. O deslocamento no mundo é feito por uma motocicleta, que pode ser personalizada e melhorada através da coleta de partes de carros. Isso introduz uma coleta simples de loot: basta entrar em casa, prédios ou instalações abandonadas e pegar a máxima quantidade de suprimentos. É praticamente obrigatório abrir cada capô e baú de veículos para encontrar peças, que servirão para dar o upgrade na motoca. O jogador precisa ficar atento ao fato de que a moto se desgasta com o tempo, necessitando de consertos, mas principalmente pelo fato dela, naturalmente, precisar de combustível para funcionar. Para encontrar esse item basta continuar explorando e administrar seus recursos. No fim, a motocicleta é uma fiel escudeira para sua jornada e é imprescindível para fugir de hordas e hordas de inimigos sedentos por carne humana.

Os inimigos

Falando em inimigos, encontramos tanto zumbis normais em nossa jornada quanto ameaças humanas igualmente perigosas. O jogador precisa saber administrar seu mochila de itens, pois a munição é ligeiramente escassa para a quantidade de adversários que nos desafiam. E aí entra mais um probleminha. Days Gone foi anunciado com um grande chamariz: as hordas com centenas de zumbis enfurecidos atrás do nosso motoqueiro. O trailer de revelação enfatizava isso, as imagens promocionais, o material de divulgação, etc. E realmente, as hordas existem e muitas delas são bem grandes. Porém, esses “eventos” acontecem raríssimas vezes a longo de toda a campanha e o melhor deles justamente é o do primeiro trailer. O restante diverte e dá uma boa dose de tensão e nervosismo, mas a quantidade limitada de vezes em que ocorre acaba afastando da visão original do que havia sido prometido. Isso não foi, para mim, necessariamente um aspecto tão ruim, mas apenas que deixou a desejar e dava a impressão de que poderia ter sido melhor executado.

Uma jogabilidade divertida

Se até agora Days Gone para PC não alcançou críticas tão boas, definitivamente o seu gameplay é um dos pontos altos do título. Não há grandes inovações ou uma revolução na gameplay, mas é divertido e conciso. A mobilidade com a moto é boa e simples, e a perspectiva em terceira pessoa ajuda a criar um tom mais “arcade” para o game, sem muita preocupação em parecer um jogo pautado no realismo exagerado. O arsenal de armas é bom e extenso, há muito meele e um sistema de criação intuitivo. Basta coletar insumos, apertar Q, abrir a roda de seleção e criar um coquetel Molotov para queimar hordas de inimigos. Geralmente, games modelados para consoles sofrem com ports mal feitos para os computadores, mas Days Gone para PC felizmente possui uma boa responsividade no teclado e mouse. No início me causou certa estranheza, mas depois de algumas horas as coisas ficaram fluidas o suficiente. Como já havia dito, Days Gone não exagera na munição, então um dos melhores modos de terminar o game é recorrer à furtividade. O jogador pode se agachar em moitas ou arbustos para não ser detectado e atacar inimigos de costas com um golpe único e fatal. Isso até que funciona bem graças à inteligência artificial mediana dos inimigos, que me agradou. O segundo maior truque é explorar muito bem todos os cantinhos para achar peças, inclusive aquelas que servem também como silenciadores. O uso de um silenciador, que se desgasta com poucos disparos, é essencial para não chamar atenção de dezenas de inimigos enfurecidos, assim como o uso de tacos de baseball, facões, pedaços de madeira e etc.

O desempenho que queríamos

Em nosso review para PC de Death Stranding, o game se comportou de maneira exemplar nos testes e era um deleite para donos de placas NVIDIA, uma vez que contém o recurso de DLSS. Horizon Zero Dawn é um port problemático e com uma otimização ruim para os PCs, principalmente no seu lançamento conturbadíssimo. Days Gone para PC felizmente é muito bem otimizado. Embora o game não contenha gráfico ultra realistas, o jogo é muito bonito, principalmente nas CGs específicas de cenas bem importantes, mas como também em cutscenes menos elaboradas. A modelagem dos personagens é muito bem feita, enquanto a qualidade de texturas, iluminação e sombras dos cenários não apresentam grandes méritos. Days Gone para PC não teve sua iluminação construída com Ray Tracing e ao que tudo indica essa opção não deve chegar o game. O DLSS ainda é um mistério, mas aparentemente não deve ser incluído no título em um futuro tão próximo. Mesmo assim o jogo é suficientemente bem otimizado. Em nossos testes utilizamos duas configurações simples, com um processador Intel Core i5-6600, 16GB de memória RAM, uma RX 480 8GB e uma GTX 1650 SUPER. Em ambos os cenários as placas de vídeo se saíram bem, inclusive com uma CPU mais antiga como essa. O gameplay ficou liso na casa dos 60 frames com a configuração de qualidade entre o médio e alto em Full HD. Para os donos de processadores de 4 núcleos é bom ficar atento quando for enfrentar grandes hordas de zumbis, pois a alta carga de processamento pode comprometer a taxa de quadros. Os 16GB de RAM também continua se mostrando como a opção mais viável para jogos, uma vez que esse título chega a consumir os 10GB em alguns momentos. Acredito que as demais placas de vídeo de entrada vão dar conta de Days Gone para PC sem grandes problemas. Porém, para prevenir basta consultar a tabela de especificações:

Requisitos mínimos de Days Gone para PC

Sistema operacional: Windows 10 (64 bits)Processador: Intel Core i5-2500K 3,3 GHz ou AMD FX 6300 3,5 GHzMemória RAM: 8 GBPlaca de vídeo: Nvidia GeForce GTX 780 3GB ou AMD Radeon R9 290 4GBDirectX: 11Armazenamento: 70 GB disponível (SSD recomendado)

Requisitos recomendados de Days Gone para PC

Sistema operacional: Windows 10 (64 bits)Processador: Intel Core i7-4770K 3,5 GHz ou AMD Ryzen 5 1500X 3,5 GHzMemória RAM: 16 GBPlaca de vídeo: Nvidia GeForce GTX 1060 6GB ou AMD Radeon RX 580 8GBDirectX: 11.Armazenamento: 70 GB disponível (SSD recomendado)

Conclusão

A iniciativa da Sony em levar mais exclusivos para novas plataformas e angariar cada vez mais público irá beneficiar muitos jogadores e certamente é a movimentação que podemos esperar ver em novos games, como Ghost of Tsushima e quem sabe até mesmo Bloodborne. No momento ainda não há nada confirmado, mas fico feliz de saber que o PC ainda continua sendo uma excelente plataforma para jogar qualquer tipo de jogo. O grande problema da nova etapa dessa iniciativa é que embora Days Gone para PC tenha chegada com uma ótima otimização, o game possui mais problemas do que pontos positivos. O carisma de Deacon e a jogabilidade divertida não inibe o inevitável. O saldo final não é favorável e condiciona uma experiência fraca e entediante, pois Days Gone é um game categoricamente genérico e sem sal. Days Gone para PC está disponível para compra na Steam por R$ 199,90.

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