No artigo, os pesquisadores afirmam que conduziram um estudo na Europa com 1,16 mil participantes, todos na faixa dos 44 anos – faixa de idade que, na época, apresentavam sintomas mais brandos das variantes da doença mapeadas na época. Em 68% dos casos de Covid-19 nessas pessoas, o dispositivo da marca mostrou alterações no metabolismo, dois dias antes dos primeiros sintomas da infecção. Os autores da pesquisa afirmam que a partir dos dados coletados pelo dispositivo, junto da aplicação de algoritmos de aprendizado de máquina para inferir e tratar as informações, no futuro será possível inferir com precisão a infecção com a doença antes que sintomas se manifestem – no presente momento, porém, a teoria deve passar por mais testes, antes que seja confirmada como um método suficientemente eficaz para detectar Covid-19.
Smartband da marca AVA pode detectar Covid-19 através de alterações metabólicas
Segundo os pesquisadores, os sinais que apresentaram alterações em caso da Covid-19 foram a frequência cardíaca, frequência respiratórios e temperatura de pulso – todas características já avaliadas pelo dispositivo para detectar períodos férteis de mulheres. Essas mudanças foram observadas no período encubatório, pré-sintomático, sintomático e de recuperação da doença responsável pela pandemia. O gadget da AVA, por meio da sincronia com o aplicativo próprio de monitoramento da empresa, também registravam qualquer atividade que pudesse afetar os resultados, como utilização de drogas licitas e ilícitas e consumo de álcool, além do possível contato com outras pessoas infectadas. Todos os participantes durante a duração da pesquisa realizavam testes rápidos de antígenos para detecção da Covid-19, e em caso de detecção de sintomas também realizavam o PCR. A pesquisa com as smartbands foi realizada entre abril de 2020 e março de 2021, com os participantes utilizando o dispositivo durante a noite. No total, foram coletados mais de 1,5 milhão de horas em dados pelos aparelhos, e todos eles foram apurados junto dos 66 diagnósticos da doença no grupo – com 45 deles apresentando as alterações que permitiam a identificação da doença antes dos sintomas.
Resultados empolgantes para futuro da detecção da Covid-19
O gadget da marca AVA foi o primeiro dispositivo para medir o período fértil de mulheres a receber autorização de órgãos dos EUA para serem vendidos oficialmente no país. Custando US$ 250 (cerca de R$ 1,3 mil, na conversão atual), o dispositivo realiza medições a cada 10 segundos. E para um resultado mais confiável, necessita que o usuário tenha dormido pelo menos quatro horas no dia sem interrupção. E, embora o gadget tenha sido utilizado no estudo com resultados positivos para detecção de Covid-19, o artigo finaliza dizendo que mais testes são necessários para realmente comprovar a eficácia do uso desse e outros modelo como uma medida de saúde – o que, nesse contexto, considerando a diminuição das restrições pandêmicas no mundo todo, pesquisas com maior escopo podem ser realizadas para sanar essa dúvida, como a divulgada no fim do artigo científico sendo realizada nos Países Baixos, envolvendo cerca de 20 mil pessoas. Por fim, é importante avisar que 6 dos 28 pesquisadores participantes do estudo publicado na revista BMJ Open são empregados pela AVA, mas a pesquisa em si foi realizada independentemente da fabricante do dispositivo. Além disso, mesmo com a tecnologia apresentando resultados positivos, no presente momento a principal recomendação ainda é que os usuários realizem testes de PCR em caso de sintomas- afinal, esse é só um estudo inicial de algo que deve ser apurado e testado com mais atenção no futuro da medicina e da prevenção contra a doença que vem fazendo o mundo passar por uma fase tão díficil. Veja também Utilizar gadgets para detectar a Covid-19 é algo que já vem sendo estudado há algum tempo por especialistas e pela linha de frente do combate a pandemia mundial. Fonte: BMJ Open