A arquitetura híbrida

Antes de mais nada, um dos grandes destaques dos processadores Alder Lake de 12ª Geração fica por conta da presença de uma arquitetura híbrida. Embora essa não seja a primeira vez que essa tecnologia é implementada em CPUs, a Intel está adotando o recurso para processadores de desktop. A grande diferença quando se comparada com os processadores de 11ª Geração é toda essa mudança estrutural e na arquitetura das novas CPUs, que possibilita novos incrementos e adições tecnológicas nos novos modelos. A ideia é ter dois tipos de núcleo funcionando em conjunto: cores de alta performance misturados com cores de performance mais baixa para rodar tarefas em segundo plano em um único chip. Isso significa que os Alder Lake trabalharão como um SoC (System on a Chip, em tradução literal), seguindo algo similar ao que a Apple tem feito com seus processadores. Os núcleos de alto desempenho, chamados de P-Cores (Performance-cores) correspondem à arquitetura Golden Cove; já a arquitetura Gracemont é referente aos núcleos de eficiência, os E-Cores (Efficient-cores). Os processadores serão fabricados numa litografia de 10nm Enhanced SuperFin, conhecida como Intel 7. Isso também é um salto importante, pois já faz tempo que a empresa não muda seu processo de fabricação e deve melhorar significativamente no desempenho. A manda-chuva, a arquitetura Golden Cove traz foco em performance single-thread e frequências mais altas graças ao motor Matrix, desenvolvido pela Intel para acelerar fluxos de trabalho com mais uso de Inteligência Artificial. A Gracemont já aposta no uso de multi-thread, pois sua função principal é de fato rodar aplicações no background.

Placa-mãe, soquete e chipset

Como de costume, a cada nova geração de processadores também temos novas gerações de placas-mãe. Na mudança para a 11ª geração Tiger Like no ano passado, os processadores tinham compatibilidade com placas-mãe anteriores via atualização de BIOS, pois o soquete LGA 1200 não foi alterado. Agora as coisas mudaram com os processadores Alder Lake de 12ª Geração. A Intel apresentou o soquete LGA 1700, que chega no formato mais retangular e similar com a AMD. Com isso, se você quiser usar o Alder Lake vai precisar de uma nova mainboard. Aliás, como falaremos mais abaixo, esses novos processadores são compatíveis com memórias DDR5. Dessa forma, as fabricantes estão trabalhando em placas com suporte ao DDR4 e versões com suporte ao DDR5, e você poderá escolher se vai manter seus pentes e trocar apenas a mobo e o processador, ou se fará uma mudança completa. Além disso, os cooler box também passaram por reformulação de encaixe e resfriamento. Se você quiser usar seu atual cooler numa CPU Alder Lake, possivelmente precisará de brackets ou algum tipo de adaptador. Porém, as fabricantes já estão anunciando coolers específicos para essa nova geração, e outras prometeram esses adaptadores. Só resta esperar um pouquinho para ver como cada marca cuidará disso. Em 2021, apenas placas-mãe topo de linha estarão sendo comercializadas, mas a expectativa é que modelos intermediários e/ou de entrada comecem a aparecer no mercado já no início de 2022. O chipset Z690 suportará Thunderbolt 4 e WiFi 6E.

Como saber se uma placa-mãe com outro soquete é compatível com DDR5?

Como já dissemos, as fabricantes que estão criando placas-mãe para os processadores Alder Lake irá optar por suporte ao DDR4 ou DDR5, mas e as mainboards de processadores antigos? Fique atento, pois o DDR5 só estará disponível para essa nova geração de CPUs, uma vez que modelos antigos não possuem a tecnologia compatível para se comunicar com esses novos módulos de RAM.

DDR5 e PCIe5

Os novos processadores Alder Lake de 12ª Geração parecem gostar bastante do número 5. As CPUs terão suporte para portas PCIe Gen 5 e Gen 4, que devem começar a pipocar em placas de vídeo no futuro. A expectativa é que a comunicação desses dispositivos com o processador fique ainda mais rápida, correspondendo a uma evolução natural. Se o processador evolui, evoluem as memórias, que deixam o sistema mais rápido e otimizado para que as placas de vídeo também operem num mesmo nível. A ideia principal do PCIe Gen 5 é acelerar a trocar de informações entre os processadores e os dispositivos que fazem uso dessa conexão, sendo principalmente as placas de vídeo. A expectativa é que essa conexão tenha uma capacidade de transferência de dados de até 128 GB/s, e até 23 GT/s; contando também com retrocompatibilidade com versões anteriores. No entanto, o destaque fica por conta da compatibilidade com módulos de memória RAM DDR5. Os usuários também poderão usar pentes DDR4, mas é bom ficar ligado, pois a memória RAM não é uma tecnologia retrocompatível, ou seja, não há como ligar um pente DDR4 numa entrada DDR5 ou vice-versa. Em uma breve explicação, as memórias DDR5 também passarão por um grande salto de tecnologias. Uma das principais diferenças é que haverá dois canais de comunicação em um único pente, o famoso dual channel. Isso irá acelerar a comunicação entre os pentes e o processador, fazendo o sistema engasgar menos. Além disso, as frequências estarão bem mais altas, na casa dos 4800 MHz. A mudança é bem agressiva quando comparada com o auge do DDR4, que ia até 3200 Mhz. Aliás, agora os controladores de tensão saem da placa-mãe e vão direto para os pentes DDR5, que terão mais autonomia energética.

Thread Director e as vantagens de usar com Windows 11

Um ponto interessante da apresentação foi o Thread Director. A Intel veio trabalhando de forma muito próxima com a Microsoft durante o desenvolvimento do Windows 11, lançado recentemente, e o grande fruto dessa parceria é o Thread Director. A funcionalidade exclusiva cria uma integração e comunicação mais sólida, estável e inteligente com o sistema operacional para delegar as tarefas. Basicamente, a tecnologia aponta para qual núcleo uma aplicação ou processo será rodado. Dessa maneira há mais garantia que o sistema está atuando de forma conjunta e que os núcleos híbridos estarão executando tarefas apropriadas, sem sobrecarga do sistema. Por exemplo, essa comunicação irá direcionar que o antivírus do PC deve ser rodado em segundo plano por núcleos de eficiência, enquanto uma operação mais pesada necessita rodar nos núcleos de performance. Claro, falando assim soa bem fácil, mas na prática as coisas são complicadas, e é exatamente isso que o Thread Director pretende fazer: resolver esses problemas e otimizar o desempenho.

Os modelos

Um dos pontos mais importantes do evento, tirando as especificações mais técnicas, como apontamos, são os processadores em si. Ao total, foram apresentadas 3 CPUs da série K, ou seja, desbloqueados para overclock. O carro-chefe dos processadores Alder Lake de 12ª Geração não poderia ser outro a não ser o Intel Core i9-12900K, de 16 núcleos, 24 threads, clock base de 3.2 Ghz e boost para até 5.2 Ghz. O modelo de alta performance fica por conta do Intel Core i7-12700K, com 12 núcleos, 20 threads, clock base de 3.6 Ghz e boost para 5.0 Ghz. O mais surpreendente é com o intermediário Intel Core i5-12600K, de 10 núcleos e 16 threads, clock base de 3.7 Ghz e Turbo para até 4.9 Ghz (sem suporte ao Boost). Todos os modelos são equipados com placas gráficas integras Intel UHD Graphics 770, com exceção dos modelo KF, que não possuem vídeo integrado. Ademais, todos esses processadores têm suporte para até 128 GB de memória RAM e tem TDP base de 125 W.

Desempenho

Finalmente chegamos ao fator desempenho, que realmente dá uma boa perspectiva para o que podemos esperar. Em games, a Intel afirma que os processadores Alder Lake de 12ª Geração são “os melhores processadores para jogos do mundo”, e um pequeno demonstrativo foi revelado: Em comparação com o concorrente AMD Ryzen 5950X, o atual melhor processador, o i9-12900K pode alcançar até 30% de diferença em jogos. Já no comparativo com seu irmão mais velho, o i9-11900K, as coisas são bem agradáveis, já que o processador não foi tão bem recebido pelo público e crítica. A Intel ainda informa que os ganhos de performance da 12ª Geração + módulos de memória DDR5 podem chegar em até 80% quando usado no multitarefas, um salto impressionante em relação aos modelos anteriores. Segundo a empresa, isso mostra as diferentes vantagens dessa nova arquitetura, pois enquanto um jogador está rodando o game em primeiro plano — com os núcleos P — seu Discord está aberto no segundo plano — processado pelos núcleos E. Já no campo da criação de conteúdo as coisas também parecem boas. Comparando com a geração passada, o novo Intel Core i9 pode dobrar a capacidade de processamento para esse tipo de tarefas, como no Adobe After Effects, por exemplo.

Intel Arc e gráficos integrados

Pouco comentada no Intel Innovation, a Intel Arc é referentes as placas de vídeo dedicadas da Intel, promessa bem antiga da empresa. Inicialmente o foco de gráfico integrados está escondido com o lançamento dos Alder Lake, visto que o público atual definitivamente vai investir numa placa dedicada para usar no sistema. Aliás, vale ressaltar que as placas de vídeo dedicadas da Intel estarão chegando ao mercado em 2022, com tecnologias de redimensionamento de imagem utilizando machine learning e IA para rodar games em 4K sem perder tanto desempenho. Mas falando nos gráficos integrados em si, os processadores Alder Lake de 12ª Geração trazem a Intel UHD Graphics 770. No entanto, o que importa mais para gente são essas plaquinhas integradas em dispositivos portáteis. Embora não tenham sido anunciados oficialmente, alguns rumores já circulam a internet sobre os processadores para notebooks, mas não discutiremos isso aqui. O importante é que o conjunto da arquitetura híbrida e a subida nas frequências das memórias DDR5 devem impactar significativamente os ganhos de performance em games. Acontece que além das maiores frequências, teremos um aumento na largura de banda da memória de vídeo, que por vezes é compartilhada com o restante da memória do sistema, somando ainda com o dual channel de cada módulo de RAM para otimizar o desempenho, explica Iuri Santos, gerente de Tecnologia da Kingston Brasil.

Um futuro que parece próspero

Os processadores Alder Lake de 12ª Geração são a grande aposta da Intel para bater de frente e superar sua concorrente direta: a AMD. Nos últimos anos a companhia liderada por Lisa Su vem incomodando os americanos, e em 2020 deixou isso bem claro ao lançar a família de processadores Ryzen 5000. Em contrapartida, a Intel tentou fazer frente com a geração Tiger Lake, mas os resultados não foram satisfatórios. Por outro lado, a Apple recentemente anunciou os novos MacBooks Pro com processadores M1 Pro e M1 Max. E embora a apresentação deixe claro que há uma virada de jogo por parte da Intel, também precisamos esperar pelos testes práticos. Seja como for, a 12ª Geração traz um empolgação que não temos visto recentemente e promete acirrar o segmento de processadores de alta performance. Uma nova arquitetura, novo processo de fabricação, mais velocidade com DDR5 e novos padrões para a indústria: Alder Lake promete bastante.

Preço e disponibilidade

Por fim, os processadores Alder Lake de 12ª Geração Intel começam com sua pré-venda hoje, 27, enquanto o lançamento global acontece no próximo dia 4 de novembro, quinta-feira. O i9-12900k tem preço sugerido de US$ 589 (R$ 3.289); o i7-12700K custa US$ 409 (R$ 2.284); e o i5-12600K chega por US$ 289 (R$ 1.613). No Brasil, os modelos já estão disponíveis em algumas varejistas: O Intel Core i9 12900K custa R$ 4.899 na KaBuM!; já o Intel Core i7 12700K sai por R$ 3.399 na TerabyteShop; enquanto o i5 12600K é encontrado também na TerabyteShop por R$ 2.399. Os preços em real foram feitos em conversão direta sem impostos ().

Ficha técnica

Fontes: Digital Trends, Tom’s Hardware, PC Mag e Intel Newsroom.

Veja também:

E aí, o que achou dos processadores Alder Lake de 12ª Geração? Aproveita e dá uma olhada nos chips M1 Pro e M1 Max, da Apple.

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