Tendo em mente tudo isso, pegamos aquilo que é óbvio e aproveitamos o lançamento do capítulo final da franquia Toy Story para propor o seguinte: por que não cair de cabeça em um dos gêneros mais completos da plataforma? Sim, estamos falando de animações.
Se colocar em perspectiva, a animação é um fenômeno recente tendo como título fundador um clássico conhecido como Branca de Neve e Os Sete Anões, isso lá na década de 30. O projeto foi o pontapé inicial para o surgimento do império de Walt Disney e Mickey Mouse, mas também a todo uma nova experiência audiovisual. O gênero ganhou uma categoria própria no Oscar e Globo de Ouro, e, de quebra, uma premiação toda dedicada ao segmento: o Annie Awards. Ledo engano imaginar que só crianças são contempladas neste gênero impar, mas é muito difícil dissociar alguns filmes de nosso imaginário. O que fizemos aqui foi um garimpo de alguns dos títulos que achamos que valem à pena uma maratona. Spoiler: não foi uma tarefa fácil, tendo que deixar de fora alguns muitos filmes e séries que valem muito à pena. O resultado é uma seleção feita com carinho para uma experiência divertida e que podem e devem contar com sua contribuição de sugestões nos comentários. De animações 2D a 3D (que ganharam fôlego com o lançamento de Toy Story); para adultos ou para crianças; divertidos ou contemplativos, mas sempre ousados e irreverentes; nacional ou internacional; do ocidente ou oriente; eis aqui alguns de nossos títulos favoritos do gênero favorito de muita gente:

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Rick and Morty

Falar de Rick and Morty não é se entregar à formulas fáceis. Esta animação, que se tornou um verdadeiro fenômeno entre adolescentes e jovens adultos, não é nada tímida e não se intimida em colocar o dedo em algumas feridas, todas elas dolorosas demais para serem ditas em voz alta. Sua narrativa ampla, fundamentada no multiverso, abre uma gama gigantesca de possibilidades, todas elas absurdas. A série estreou em 2013 e acompanha as perigosas aventuras do cientista Rick e seu neto Morty e que tem como trama central a dinâmica da família Smith, tendo as peripécias do avô alcoólatra e excêntrico, e seu neto, bem-intencionado, ingênuo e não tão genial assim, como força motriz. Os dois personagens servem de contraponto um ao outro, sendo que Morty, dono de uma bússola moral ingênua mas fundamentada funciona em contraponto ao ego maquiavélico de Rick. A série intercala críticas morais e sociais à dinâmica familiares complicadas, mas bem-intencionadas, com personagens conflitantes e em conflito. Todos eles são extremamente humanos e simpáticos, e mesmo todas as loucuras abusadas de Rick tem seu próprio charme, que garantem uma boa maratona. Rick and Morty possui três temporadas, todas elas disponíveis na Netflix.

Gravity Falls: Um Verão de Mistérios

Se em Rick and Morty há um ensaio sobre as dinâmicas familiares, em Gravity Falls há um domínio com grande maestria no assunto, sendo especialista em explorar uma das relações humanas mais complexas já existentes: a convivência entre irmãos incompatíveis. Lançada em 2012, acompanhamos as férias nada convencionais dos gêmeos Dipper e Mabel Pines, de 12 anos, que são enviados para passar suas férias de verão com seu tio-avô Stanford Pines em Gravity Falls, uma cidade misteriosa cheia de forças paranormais e criaturas sobrenaturais. As crianças ajudam Stan a administrar “A Cabana do Mistério”, a armadilha turística que ele possui, enquanto também investigam os verdadeiros mistérios do local. Nada é o que parece nessa cidadezinha, e com ajuda de um diário misterioso que Dipper acha na floresta, eles começam a desvendar os mistérios locais. A série explora os conflitos dignos de uma idade complicada: a pré-adolescência, somada a toda a parafernália sobrenatural do ambiente externo, criando uma narrativa que cresce, se modifica e acrescenta. Personagens excêntricos pincelam com exatidão a uma verdadeira aquarela de possibilidades e a diversão em toda a experiência é praticamente garantida. Gravity Falls tem duas temporadas e estão disponíveis na Netflix.

O Irmão do Jorel

Irmão do Jorel é um título que não poderia e não deveria ficar de fora de maneira alguma. Primeiro, por ser um representante da produção nacional, mas também por ser uma divertida narrativa sobre imaginação e pertencimento. A série mostra o cotidiano de uma família excêntrica e extravagante, tendo Jorel como filho do meio. Esse figura onipresente, expetacular e praticamente lendária, com o cabelo sedoso e bem liso e uma maneira doce e atraente para ganhar meninas, fazem dele o cara mais popular da cidade. No entanto, o show não gira em torno dele, mas em torno de seu irmão mais novo, um garoto tímido e sem nome e sempre chamado de “Irmão do Jorel”. Sendo quase sempre ofuscado pela fama e popularidade de seu irmão mais velho, Irmão do Jorel tenta ganhar sua própria identidade e ser alguém importante da família. Cada situação sempre acontece numa confusão, algumas bem sérias e outras nem tanto, todas bem típicas de um ambiente familiar brasileiro da década de 1980, em meio a aventuras surreais e sem sentido, sempre a partir da perspectiva da criança. Irmão do Jorel tem duas temporadas, e estão disponíveis no Netflix.

Fullmetal Alchemist: Brotherhood

Os animes sempre estiveram presentes no imaginário da animação no Brasil. Títulos como National Kid já conquistava espaço na televisão aberta brasileira e, em 1994, com a popularidade crescente de Cavaleiros do Zodíaco na TV Manchete, títulos como Dragon Ball, Naruto e Yu-Gi-Oh! conquistaram seu espaço no público brasileiro. Alguns outros títulos, como exemplo de Fullmetal Alchemist, acabaram por ser prejudicados pelo formato do canal aberto, sofrendo violentas edições de seu conteúdo. Sua glória chegou com o extinto Animax, na TV à cabo. Mas toda a história acerca de Fullmetal Alchemist é fora da curva. A começar pelo fato de que sua primeira tentativa de adaptação acabou sendo frustrada. Com o mangá ainda em publicação, o caminho seguido por ambas as narrativas em seu fôlego final são distantes, para não dizer, opostas. Mas a vida é feita de segundas chances, e novamente um segundo esforço foi feito com Brotherhood, a nossa dica para maratona na Netflix. Mais próximo de todo o universo idealizado por Hiromu Arakawa, inclusive ao seu traço, acompanhamos a triste jornada dos irmãos Edward e Alphonse Elric em sua implacável busca pela pedra filosofal. Muito longe daquilo que entendemos como filosofal moldado por Harry Potter, a pedra alquímica pode oferecer algo aos irmãos: reaver seus corpos. A complexa narrativa consegue balancear um mundo obcecado por poder e massacrado por guerras civis ao do crescimento do homem comum e o amor entre irmãos. Fullmetal Alchemist: Brotherhood tem 5 temporadas e está disponível na Netflix.

O íncrivel mundo de Gumball

Se é possível tentar exemplificar Gumball em poucas palavras, seria: excelência de comédia. Esta animação combina criatividade com um ótimo timing cômico, sem abrir mão das sutilezas, o que o tornam um título apropriado para maratonas. Há de tudo: seriedade e leveza, crítica e despretensão, aventuras mundanas e fantasiosas, tudo isso somados à personagens carismáticos, extremamente humanos e com um charme inconfundível. A série gira em torno da vida de um híbrido de gato e coelho de 12 anos de idade chamado Gumball Watterson e o seu cotidiano na cidade fictícia de Elmore, nos Estados Unidos, junto com seu irmão peixinho/melhor amigo/pet chamado Darwin Watterson. Gumball e Darwin geralmente se vêem envolvidos em inúmeras situações constrangedoras e engraçadas. Gumball frequenta o ginásio na Elmore High School com seus irmãos e interage ao mesmo tempo com seus colegas de escola e os habitantes de Elmore. É isso, de uma simplicidade assustadora, mas capaz de grande genialidade narrativa, que promove momentos realmente inspirados. O Incrível Mundo de Gumball tem uma temporada disponível no Netflix.

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Toy Story

Não há outra franquia que melhor encabeçaria nossa lista de indicações que Toy Story. Tão intrinsecamente inserida no imaginária coletivo, frases como “Tem uma cobra na minha bota!”; “Ao infinito e Além!” e “Você é um brinquedo!” com certeza já enfeitaram algum item de consumo ou decorou o perfil de alguém em um rede social. Toy Story, quando lançado, lá em 1995, quebrou algumas barreiras até então inatingíveis, sendo o primeiro filme de animação a utilizar tecnologia 3D. Foi também um dos poucos filmes de animação a concorrer nas categorias de Melhor Filme em premiações. Sem mais delongas, Toy Story acompanha a história de Woody, um boneco cowboy de bom coração que pertence a um jovem chamado Andy, que vê sua posição como o brinquedo favorito de Andy comprometida quando seus pais lhe compram um outro brinquedo, o Buzz Lightyear, uma figura de ação muito mais legal que Woody. Ainda pior, Buzz é arrogante e acha que ele é um astronauta de verdade em uma missão para retornar ao seu planeta natal. O que nasce daí é uma amizade que perdura quatro longas cujo capítulo final chegou aos cinemas essa semana. Toy Story e todas as suas sequências estão disponíveis na Netflix.

Mulan

Mulan sempre esteve à frente de seu tempo. A primeira princesa da Disney a tomar as dianteiras e salvar uma nação inteira, a China, da ameaça dos hunos, e conquistar o coração de seu superior aos moldes de Grande Sertão Veredas. Isso foi muito antes de Brave ou Frozen questionar a maneira como as protagonistas femininas eram retratadas em suas animações. Muito mais do que apenas uma história de superação, Mulan também é uma verdadeira fábula sobre amor filial, laços sanguíneos, honra e dever, colocando em xeque toda uma sociedade que acreditava que o lugar de uma mulher se limitava somente aos espaços de sua casa. Há verdadeiros momentos bem-humorados na história, encabeçados por Mushu, que herdou de seu dublador original, Eddie Murphy, o deboche, sem contar com números musicais que tornaram-se verdadeiros clássicos da Disney, a exemplo de Reflection, entoado por Mulan quando esta questiona seu lugar no mundo. Isso tudo em 1998. Uma verdadeira joia que não deve ser ignorada. Se há Elsas e Meridas, é porque Mulan pavimentou o caminho. Mulan é uma animação que deve ser rememorada e comemorada. Mulan está disponível na Netflix.

Monstros S.A

Monstros S.A é outra obra-prima da Pixar e propõe o seguinte: ao nos apresentar e criticar a todo o universo dos monstros, estabelece um paralelo com o nosso mundo, tão obscuro ou mais daquele que nós vemos em tela, sem desperdiçar um minuto sequer de trama. Pelo contrário, Monstros S.A é tão frenético que, quando rimos, rimos de verdade, e quando nos emocionamos, é porque é verdadeiro. A maior fábrica de monstros do mundo conta com James Sullivan, um dos monstros mais assustadores, que tem o pelo azul e chifres, além de seu assistente e melhor amigo Mike, um monstro verde de um olho só. Eles têm por missão assustar as crianças, que são consideradas tóxicas pelos monstros e cujo contato com eles seria catastrófico para seu mundo. Porém, sob circustâncias misteriosas, Mike e Sully conhecem a garota Boo, que acaba sem querer indo parar no mundo dos monstros, colocando em xeque tudo aquilo que eles acreditavam até então. Montros S.A está disponível na Netflix.

Crianças Lobo

O último anime a ser indicado ao Oscar foi Mirai, obra idealizada por Mamoru Hosoda e o Studio Chizu, nomes por trás também por Crianças Lobo, uma fábula familiar que entrega todos os elementos que tornam as animações japonesas tão grandiosas: há o elemento fantástico sem abrir mão das relações complicadas familiares, a simplicidade do cotidiano e uma grande relação com a natureza e a Terra. Conhecemos Hana, uma solitária universitária que apaixona-se por um homem-lobo. Juntos, eles têm dois filhos meio-lobisomens: Yuki, a mais velha, e Ame. Logo após o nascimento de Ame, seu pai desaparece e Hana acaba por encontrá-lo morto de forma misteriosa. Assolada pela perda e pelas iminentes complicações da maternidade, Hana toma a decisão de mudar-se para uma cidade rural, onde pretende continuar a cuidar das duas crianças-lobo longe de olhares curiosos. Crianças Lobo está disponível na Netflix.

A Voz do Silêncio

Existe algo muito poderoso em A Voz do Silêncio. A culpa e a solidão assolam essa narrativa que trata de assuntos desconfortáveis com uma boa dose de coragem como bullying, preconceito, suicídio e isolamento. A história foca em Ishida em sua amizade como Shouko Nishimiya e sua busca por pertencimento e reparação. Assolado pela culpa, isolado por todos e repleto de pensamentos suicidas, ele tem que lidar com o fato de que, quando mais jovem, importunava sem nenhum motivo aparente. Com um adendo: Nishimiya é surda. O bullying é tão ferrenho, vindo não somente somente de Ishida, e sim de todos os colegas de sala, que Nishimiya acaba transferindo-se de escola, recaindo sobre ele toda a culpa. Já no ensino médio, depois de uma tentativa frustrada de suicidio, ele opta por tentar conectar-se novamente com ela e se desculpar por tudo e, por sua vez, encontrar seu lugar no mundo. É uma bela narrativa sobre amizade, amor e segundas chances. A Voz do Silêncio está disponível na Netflix. Aproveite nossas dicas para este final de semana prolongado. Deixe nos comentários quais títulos foram seus escolhidos e bom feriadão.

Netflix  5 filmes e s ries de anima  o imperd veis para aproveitar o feriad o - 81