Os nascidos no final da década de 80 e inicio dos anos 90 podem gozar do fato de que viveram em sua infância o melhor da cultura pop nas últimas décadas como a segunda época de ouro da Disney, a abertura da Pixar e do Studio Ghibli, a ascensão da Nintendo, o nascimento do Playstation, o lançamento do Final Fantasy XVII, os tazoos, Harry Potter, Pokemon, Yu Gi Oh!, Dragon Ball, Naruto, TV Globinho… É a geração que viveu o fim do analógico e o inicio da era digital. Que usou VHS, DVD e Bluray. Na virada do século, e na ascensão da era de Aquário, foram os millenials que desbravaram o fim do mundo e sobreviveram. É essa mesma geração, inclusive, que é objeto de estudo, e, por algum motivo, torna-se uma faixa de público muito específica para o mercado de consumo. Não é a toa que existem inúmeros produtos que se dedicam a conquistar esse grupo. O Monopoly (sim!), o nosso banco imobiliário, que já vem lançando jogos de tabuleiro cada vez mais aleatórios decidiu chutar o balde e propôs uma inusitada empreitada: Monopoly para, sim, essa mesma geração Y: o Monopoly para Millenials. Para entender melhor as implicâncias desse recorte, sejamos mais abrangentes: no Japão, está surgindo algo que eles chamam como Geração Satori, um grupo de indivíduos, melhor classificados como jovens adultos que não trabalham, tampouco estudam ou tem qualquer tipo de envolvimento social. Na Coreia, eles são conhecidos como Geração Sampo. Essas alcunhas nada mais são que a resposta oriental para aquilo que entendemos como millenials no Ocidente e é por isso, e por esse motivo em exclusivo, que o Banco Imobiliário da Hasbro está fazendo com que algumas pessoas recebam a novidade com ressalvas. A pergunta fica: por quê?
Monopoly para Millenials: O que é? Onde vive? Como se reproduz?
Para os desavisados, Monopoly é uma espécie de Banco Imobiliário de luxo e o objetivo do jogo é acumular riquezas enquanto assiste a todos os seus colegas falirem em consequência, e se deliciar com isso. Há sessões que duram horas, e, para os jogadores mais ávidos, podem, por que não, durar dias a fio. A Hasbro entende muito bem o psíquico humano e propõe uma reviravolta tão específica que lugares estereotipados como Smartphone-You-Can’t-Afford Street (Rua do Smartphone que você não consegue comprar, em tradução literal) ou Avocado Toast Town (Cidade da Torrada do Abacate) são alguns dos lugares nos quais você e seus colegas irão disputar com unhas e dentes para conquistar e, quando conquistados, manter a todo o custo.
Nada de Tio Patinhas por aqui
A descrição oficial do Monopoly para Millenials reforça alguns estereótipos, claro, e algumas passagens chegam a ser ofensivas, mesmo que bem intencionadas, devemos dizer. O grande fator que diferencia este Monopoly de qualquer um outro é que seu objetivo não é acumulo de propriedades, como a proposta do jogo original e, sim, as chamadas “experiências”. Os lugares, como já citados, tornam-se ainda mais específicos. Insinuando que os millenials, se é que eles podem ser chamados assim, não tem nenhuma perspectiva de vida (o que eu, particularmente não posso discordar) e brinca com algumas destas situações, ora tão absurdas que parecem saídas diretamente de sitcoms, como:
No final, o importante é a experiência
A chamada na caixa tem até os dizeres: “Não há venda de bens, você não será capaz de comprá-los de qualquer maneira”. E por aí vai. Aparentemente o Monopoly para Millenials está terminantemente proibido na Austrália, por motivos que desconhecemos. Mas, sejamos sinceros, para uma geração que desenvolveu uma carapaça dura pela livre circulação de memes e aprendeu que no fim o que vale é a zueira, talvez o jogo seja uma boa pedida para dar umas boas risadas da própria desgraça e – por que não? – reavaliar a nossa própria situação. Experiências culminam na evolução, no final de tudo. Fonte: Techly