Se hoje em dia ainda há quem acredite que a Terra foi criada em 7 dias (e juram de pé junto que ela não é esférica, mas plana) e que foi a partir da costela de Adão que Eva, a primeira humana, teria surgido, tente imaginar o impacto que esse livro gerou na conservadora e religiosa sociedade vitoriana do século XIX. Ela explica que os organismos evoluem por meio de um mecanismo de seleção natural pelo qual apenas os indivíduos melhor adaptados ao meio em que vivem conseguem sobreviver para transmitir seus genes a seus descendentes. 

Humanos nem tão superiores assim

O grande pesquisador colocou abaixo fundamentos considerados até então imutáveis. Dentre eles, se destacam o da superioridade do ser humano em relação aos outros animais. Afinal, para Darwin somos apenas um dos ramos da árvore da vida, uma intrincada cadeia genética que nos unia a outros bichos, como os chimpanzés, por meio de ancestrais comuns. Outro conceito pétreo derrubado foi que tudo o que existia era simplesmente obra de Deus. O suficiente para que Darwin fosse taxado de herege.

A origem de Darwin

Charles Robert Darwin nasceu no dia 12 de fevereiro de 1809 em uma tradicional e rica família da cidade inglesa de Shrewburry. Seu pai Robert Darwin era filho de Erasmus Darwin, também médico, filósofo e poeta – e não coincidentemente, um dos primeiros a falar a respeito da evolução dos organismos. Outra influência importante no trabalho de Darwin foi o naturalista francês Jean-Baptiste de Lamarck, criador da teoria das características adquiridas e introdutor do termo ‘biologia’. Foi a famosa viagem que Darwin fez ao redor do mundo a maior fonte de inspiração de sua obra mais famosa. Em 1831, o Almirantado britânico convidou o professor naturalista John Stevens Henslow para acompanhar o capitão Robert Fitzroy em uma viagem de levantamento cartográfico da América do Sul. Henslow teve de declinar do convite, mas indicou um jovem colega para coletar e catalogar dados. E foi aí que Darwin, com apenas 22 anos, dividiu o maior aposento do navio H.M.S. Beagle com o capitão Fitzroy durante 5 anos.

Curiosidades

A primeira edição do livro tinha um título muito mais pomposo, só que longo demais: On the Origin of Species by Means of Natural Selection, or the Preservation of Favoured Races in the Struggle for Life. Na tradução: Da Origem das Espécies por Meio da Seleção Natural ou a Preservação de Raças Favorecidas na Luta pela Vida”. O título abreviado A Origem das Espécies só foi adotado na sexta edição do livro, lançada em 1872. Embora tenha levado mais de 23 anos para ser escrita, a obra mais influente de Darwin ainda era objeto de hesitação por parte do pesquisador inglês quando o assunto era torná-la pública. Mas depois que soube que outro pesquisador chamado Alfred Russel Wallace estaria prestes a publicar um livro com teses semelhantes, ele decidiu acelerar a publicação. Porém, tal qual como muitas obras contemporâneas, a polêmica que cercava o livro ajudou a bombar as vendas. A tiragem de 1250 exemplares acabou se esgotando em poucas horas na livrarias inglesas. O Brasil fez parte da rota do H.M.S. Beagle. Foi em fevereiro de 1832 que Darwin desembarcou em Salvador, capital. Ao descrever a exuberância da floresta tropical, escreveu em seu diário: “É uma visão das mil e uma noites, com a diferença que é tudo verdade”. O estudioso ficou em terras brasileiras por quatro meses e presencio os horrores da escravidão, coisa que há muito havia sido abolida na Inglaterra. “Espero nunca mais voltar a um país escravagista. (…) Os senhores de escravos querem ver o negro como outra espécie, mas temos todos a mesma origem num ancestral comum. O meu sangue ferve ao pensar nos ingleses e americanos, com seus ‘gritos’ por liberdade, tão culpados de tudo isso”.

H  159 anos   A Origem das Esp cies  era publicada por Darwin - 96H  159 anos   A Origem das Esp cies  era publicada por Darwin - 8