A água já havia se manifestado em outros estados físicos
Com a informação de que existe, de fato, água nos estados gasoso e sólido em Marte, era de se esperar que em algum lugar do planeta encontraríamos tal recurso no estado líquido também. Por isso, um lago subterrâneo, que havia sido descoberto através de uma sonda espacial lançada em 2003, foi inspecionado desde então. “Foram anos de debate e investigações, ficamos anos discutindo se era mesmo possível. Mas agora podemos dizer: descobrimos água em Marte”, afirma Roberto Orosei, astrônomo, pesquisador da Universidade de Bolonha e principal autor dessa descoberta – que foi publicada na revista Science. E acontece que, nesse lago subterrâneo, os cientistas encontraram um reservatório permanente de água em estado líquido. Na prática, isso significa dizer que as chances de haver vida em Marte cresceram e muito. “Sem água, nenhuma forma de vida como a conhecemos poderia existir. Por isso é grande o interesse na detecção de água líquida em outros planetas”, explica Anja Diez, pesquisadora do Instituto Polar Norueguês. De acordo com o Orosei, o lago, que situa-se no Polo Sul de Marte, possui cerca de 20 km de diâmetro e se encontra 1,5 km abaixo de uma camada de gelo. Ainda assim, o astrônomo afirma ser impossível determinar o volume total de água presente nele: “Em comparação com os lagos terrestres, é um lago pequeno de 20 quilômetros de diâmetro. Mas não conseguimos saber com precisão a profundidade do lago porque a água atenua o sinal do radar. O que sabemos é que ela (a profundidade) mede pelo menos um metro – ou o radar não seria capaz de revelar sua existência”, esclarece Roberto Orosei.
Como foi possível detectar água líquida em Marte
Como mencionado por Orosei, os cientistas utilizaram um radar para chegar a conclusão de que há, de fato, água em Marte. E os equipamentos em questão têm os nomes de Mars Advanced Radar for Subsurface (Radar Avançado de Marte para Subsuperfícies, em tradução livre) e Ionosphere Sounding (apelidado de Marsis). Este último, que serve para medir a propagação de ondas de rádio, envia todos os dados para a Mars Express, a sonda espacial sobre a qual já falamos. E o curioso é: como o ano em Marte dura muito mais do que o ano terrestre, os dados a serem analisados corresponderam ao período entre maio de 2012 e dezembro de 2015. Desta forma, foi possível abranger todas as estações do ano e, assim, checar o comportamento da água durante as variações de temperatura entre o verão e o inverno, por exemplo. “Acreditamos que a água esteja líquida e em temperatura abaixo do ponto de congelamento da água pura, cerca de 10 graus negativos”, afirma o autor da descoberta, explicando que a água encontrada em Marte possui altas concentrações de magnésio, cálcio e sódio. Ou seja, se trata de uma água bastante salinizada e que atinge temperaturas mais baixas do que a água pura sem necessariamente congelar. Embora este tipo de descoberta nos faça imaginar que seres nunca antes vistos irão surgir do nada, ainda se trata de um ambiente que não facilita para o surgimento de vida – ao menos não como a Terra. Porém, isso não significa que organismos menores não estejam lá, esperando para serem descobertos: “Sabemos que em condições semelhantes, em lagos da Antártida, há alguns organismos pluricelulares que sobrevivem”, explica Roberto Orosei, indicando que podemos esperar qualquer coisa a partir de agora. Mas e você, está curioso para saber se há vida em Marte? Compartilhe seu pensamento logo abaixo, nos comentários! Fonte: BBC Brasil.