Com estreia nesta quinta-feira (26/5) Top Gun: Maverick, dirigido por Joseph Kosinski, traz muito além do que a nostalgia de reviver a conhecida insubordinação do piloto de caça ou espetáculos aéreos ao som de Danger Zone — não que essas cenas não sejam perfeitas, porque são. O objetivo aqui também não é corrigir erros do passado, Maverick está no mesmo lugar. A continuação entrega tudo o que promete, é a resolução honesta de uma história com um roteiro simples, mas coeso.

Roteiro

Em Ases Indomáveis nós conhecemos o rebelde piloto Pete “Maverick” Mitchell (Tom Cruise) e seu co-piloto, além de melhor amigo, Nick “Goose” Bradshaw (Anthony Edwards) que, a contragosto, são enviados para a academia da elite de pilotos de caça, conhecida como “Top Gun”. Lá, em meio há muita rebeldia e rivalidade, principalmente com o também piloto Tom “Iceman” Kazansky (Val Kilmer), Maverick destaca-se pelas suas proezas como piloto e a sua mania de desafiar a morte. Mais de 30 anos depois, Maverick é o mesmo de sempre, o herói da aviação americana apesar de condecorado e um piloto de sucesso, não consegue decolar na hierarquia da Marinha. Ainda um Capitão de Mar e Guerra, ele se mantém em sua zona de conforto servindo como piloto de testes da Marinha, precisando ser protegido diversas vezes após as suas insubordinações por Iceman, agora seu grande amigo, que se tornou Almirante. No entanto, sua profissão está se tornando obsoleta. Os drones em breve irão substituir os voos tripulados e a sua base deve ser fechada por falta de investimento do governo. Mas após outra de suas insubordinações, Maverick ganha de Iceman uma última chance, antes de uma aposentadoria forçada, de mostrar que não é sobre o avião, e sim sobre o piloto. Ele precisa retornar a Top Gun para instruir a nova elite da aviação americana sobre como realizar uma missão impossível (sim, o roteiro serviria facilmente para essa série de filmes) e potencialmente suicida em território inimigo. Sua missão impossível ganha ares pessoais quando ele descobre que não só precisa escolher cinco entre os dez melhores pilotos de caça dos EUA, como entre eles está Bradley “Rooster” Bradshaw (Miles Teller), o filho de Goose, que teve um destino trágico no primeiro filme. Ainda se sentindo culpado pela morte do melhor amigo, Maverick precisa tomar decisões importantes enquanto lida com a animosidade existente entre ele e Rooster.

Nostalgia

São quase 40 anos após o primeiro filme, e uma continuação não seria boa sem uma dose especial de nostalgia, e no longa temos de sobra. A sequência inicial do porta-aviões ao som de “Danger Zone” de Kenny Loggins — principal tema do filme de 1986 — é uma releitura extremamente semelhante a original e uma homenagem ao legado do saudoso Tony Scott. A aparição de Rooster deixa nosso coração quentinho ao saber que ele seguiu os passos do pai. E as muitas memórias evocadas por Maverick ao ver o filho do seu melhor amigo nos saúdam com cenas de Ases Indomáveis em citações bem diretas. Nosso astro precisa então lidar cara a cara com os traumas do passado e fazer uma difícil escolha entre proteger Rooster de um destino possivelmente igual ao de Goose, ou valorizar a sua escolha de pilotar. Essa relação de pai e filho recorda muito o que vimos em outras continuações, como entre Rocky Balboa e o filho de Apolo Creed em Creed: Nascido para lutar (2015), por exemplo. No entanto, um acerto no longa é que não vemos o bastão sendo passado para a nova geração ou um embate entre gerações, o longa não se poupa de ser antiquado na medida certa. Maverick ainda está lá fazendo um excelente trabalho, e não era para esperar menos de um filme protagonizado por Tom Cruise. Mas ainda podemos ver uma competitividade que vale a pena entre Rooster e Jake “Hangman” Seresin (Glen Powell), outro piloto de elite que deseja uma vaga na missão. Apesar da competição entre Teller e Powell não alcançar a química que vimos anteriormente entre Cruise e Kilmer, ela é suficiente para nos fazer retornar as sensações do velho tempo em uma versão atual e movimentar a trama. E se menções a Goose são emocionantes, a volta de Val Kilmer reprisando seu papel como Iceman vale o filme inteiro. O ator que atualmente enfrenta um câncer que o impossibilita de falar, teve suas falar criadas pela produção através de inteligência artificial, em uma curta, mas emocionante participação. Quem infelizmente não está de volta é Kelly McGillis, sua personagem Charlie não chega a ser mencionada no longa. O novo (ou muito velho) interesse amoroso de Pete Mitchell é Penny Benjamin (Jennifer Connelly), que apesar de não ser vista no primeiro Top Gun, é citada como a filha do almirante. Ela agora administra o bar da região, aquele mesmo em que Goose tocou “Great balls of fire”. Apesar do romance demorar a engrenar e não ser essencial para a trama, química entre os dois convence.

Tomadas Aéreas

Quando Top Gun estreou nos cinemas em 1986 as cenas aéreas incríveis chamaram a atenção do público. E em Top Gun 2 o realismo impressiona, mas há um motivo para isso. Tom Cruise que também é produtor do longa, é conhecido por fazer questão de realizar as suas próprias cenas de ação e dessa vez não foi diferente. O astro que também é piloto na vida real, abriu mão do CGI, e realizou diversas acrobacias como Maverick. Além disso, ele fez questão que todos a equipe vivenciasse de fato a emoção de estar em caças produzindo um programa de voo para o elenco de pilotos e exigiu que passassem por treinamento árduo para voar de carona nos F-18. Todas as cenas sendo filmadas em F/A-18 Super Hornet durante voos reais, com seis câmeras no cockpit. A produção contou com aeronaves reais fornecidas pela Marinha dos Estados Unidos, além de uma aeronave construída especialmente para o longa. E o realismo consegue sair das telas e alcançar os telespectadores, todas as emoções do cockpit são sentidas com alta adrenalina em sequências complexas de forma nunca vista antes, nem mesmo no longa original — graças a excelente direção do Joseph Kosinski e atuações maravilhosas — além de captadas em alta definição.

Fotografia e Trilha Sonora

A fotografia de Top Gun Maverick é nada menos que belíssima. Suas cenas aéreas de ação são as melhores já produzidas até hoje, e dificilmente serão reproduzidas em um longo tempo. Já a sua trilha sonora continua incrível, e possivelmente novamente digna de Oscar — como o conquistado por Berlin com “Take My Breath Away” —, agora na voz de Lady Gaga com “Hold My Hand”.

Veredito de Top Gun: Maverick

Se Top Gun: Maverick faz algo melhor que o original é elaborar uma história interessante. Enquanto o primeiro longa em certo ponto deixa a história em segundo plano em meio as tomadas aéreas, sua continuação não se perde no meio do caminho. As cenas de ação são um espetáculo a parte e a nostalgia pode até levar o telespectador para o cinema, mas a história vale a pena ser contada. Há o crescimento pessoal de Maverick, sua descoberta como professor, sua relação com os traumas do passado e o futuro incerto com Rooster e Penny. Sim, todos sabemos que a missão será concluída — é um filme do Tom Cruise, afinal — mas haverá grande custo? Os ingressos para Top Gun: Maverick, que estreia dia 26, já podem ser adquiridos pela internet através do site Ingresso.com. Veja também: A crítica de O Homem do Norte, um épico indie de Robert Eggers.

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