Personagens que não fazem silêncio quando necessário, quem não têm mira, gritam em horas erradas, tropeçam no nada e caem, que têm a oportunidade de matar o vilão/monstro e não eliminam o inimigo, entre outros pequenos absurdos. Basicamente uma grande sequência de escolhas erradas, característica essencial para uma produção típica do gênero. E Halloween Kills: O Terror Continua é cheio disso tudo. Há quem goste desses clichês. Eu detesto, ou seja, passei o tempo inteiro dos 106 minutos da atração sentindo raiva e dando risada de vergonha alheia das atitudes dos personagens. O longa-metragem é o 12° capítulo da franquia e o segundo desta trilogia de reboot dirigida por David Gordon Green e co-escrito por Danny McBride (aqui acompanhado por Scott Teems). Depois de tantos filmes da mesma cinessérie, e com o sucesso que foi o primeiro longa da retomada, de 2018, era esperado um novo sucesso, mas, infelizmente, há uma sequência muito falha.
Roteiro de Halloween Kills: O Terror Continua não tem coerência
Recheado (exageradamente) de flashbacks, o filme abre diretamente do final do longa de 2018. Michael Myers não morreu no incêndio que pareceu o ter eliminado. Deixando um rastro de corpos mutilados em seu caminho, ele continua a aterrorizar a cidade de Haddonfield mais uma vez. Agora, toda a comunidade se junta para tentar matar Myers e acabar de vez com o terror que foi instaurado. Existem algumas coisas no roteiro que são aceitáveis, como a comoção dos próprios cidadãos para tentar parar o assassino ou a revolta de Allyson (Andi Matichak) depois de ver sua avó sendo quase morta e a perda do pai. Porém, achei hilario (sério, dei muita risada mesmo) de como ela se acha uma espécie de super-heroína que tenta confrontar sozinha o vilão, o mesmo cara que matou metade da cidade e aterrorizou por 40 anos a vida de todos do local. Não existe uma coerência no roteiro. A trama mostra muitas coisas, mas que caminham para nada. Há uma clara falta de desenvolvimento, e a sensação é de que a produção conta e reconta a mesma história, mas tudo continua dando voltas em si mesmo, sem nunca ingressar em reais mudanças.
Personagens são fracos e morrem aleatoriamente
Outra coisa que incomoda em Halloween Kills: O Terror Continua é como sempre (sempre), os personagens parecem não usar a inteligência. Aparecem infinitas oportunidades de realmente resolver o problema, para finalmente parar o assassino, e eles simplesmente tomam todas as atitudes que não levam a acabar com o assunto. No primeiro e segundo ato, até consegui relevar as decisões observadas, uma vez que trata-se de um filme com pouco mais de uma hora e 30 minutos de duração é preciso ter conteúdo na tela (mesmo que, neste caso, não haja realmente algo de interessante para ser mostrado). Mas então chega o momento da conclusão e não há um fechamento de ciclo narrativo? Me parece forçado demais. Infelizmente, já foi anunciado que haverá uma última sequência, intitulada Halloween Ends – que, inclusive, foi gravada junto deste longa-metragem. Não estou confiante. Enquanto o primeiro reboot, lançado em 2018, teve sucesso de recepção, com aprovação de 79% no Rotten Tomatoes, o atual capítulo da saga tem, até o momento, 53% de aprovação. De maneira geral – e triste -, Halloween Kills: O Terror Continua se limita a um monte de mortes gratuitas. Sequer dá para se apegar à qualquer personagem. Na sessão, chegou uma hora em que estava rindo de vergonha alheia, já sabendo que uma figura na tela só apareceu para perder a vida. Não há segredo, não há uma trama e não há uma construção mínima de tensão. Se os responsáveis queriam uma sequência chocante e épica, falharam miseravelmente. Para quem apenas gosta de ver mortes aleatórias em grandes cenários cheios de sangue, esse pode ser seu estilo de filme. Para aqueles que preferem boas histórias, com uma construção linear e coerente, o novo Halloween não é uma sequência a ser vista. No fim das contas , é apenas uma grande bagunça. Confira também o nosso review de Venon: Tempo de Canificina.