O mundo da moda sempre foi algo que, para aqueles que olham de fora, consistia em algo majestoso, digno da realeza, mas a verdade é que está muito longe disso. E apesar de o filme explorar a maquinação por trás do poder e da ambição de uma mulher em deter esse poder, ele não é tão fiel assim à realidade de se estar na indústria da moda. A Gucci hoje é considerada uma das marcas mais tradicionais da elite modista, mas, antes deste sucesso, o grande império quase perdeu suas pernas por conta de intrigas familiares — que geralmente são o ponto principal na gerência e detenção de altíssimos valores monetários. Casa Gucci explora este ponto, traçando a vida de Patrizia Reggiano e Maurizio Gucci, desde os primeiros encontros, o desenvolvimento do relacionamento de ambos até o casamento, e então a crescente ambição de Patrizia para colocar seu marido no poder da Gucci e a decadente relação familiar entre Maurizio e seu tio Aldo (vivido por Al Pacino) e primo Paolo (Jared Leto, com tanta maquiagem e prótese, que me custou reconhecê-lo), que detém os outros 50% das ações da empresa; e então segue contando sobre a desgastante ambição de Patrizia que coloca o casamento de ambos em cheque, até que ela planeja o assassinato de seu ex-marido.

O enredo

O filme gira em torno da relação entre Patrizia de Gaga e Maurizio Gucci. O herdeiro foi inicialmente rejeitado por seu pai (Jeremy Irons) por se casar com uma garota de classe baixa, antes de ser cortejado de volta ao rebanho por seu colorido tio Aldo, que vê Maurizio com mais potencial para liderar os negócios da família do que seu filho petulante, Paolo. A história começa de forma bastante viva, quando Patrizia volta seus olhos para Maurizio, fazendo com que as suspeitas de seu pai de que ela “está atrás do seu dinheiro, como todos eles” não pareçam tão rebuscadas. Uma vez juntos, ele fica feliz como um pária, mas ela anseia por mais, pressionando-o a voltar para as boas graças da família e, eventualmente, exigir um maior controle à custa de seus parentes, apesar dos frequentes lembretes de que ela reivindica o nome “Gucci” do casamento, não do sangue. É a velha história da ambição e do poder, mas que muda inesperadamente quando as autoridades tomam conhecimento das finanças (e da falta de legalidade) da família.

O estrelato de Lady Gaga em Casa Gucci

Sim, Gaga já foi indicada ao Oscar por Nasce Uma Estrela, mas mesmo que sua performance tenha sido muito boa, A Star Is Born ainda estava na zona de conforto dela, ainda mais por se tratar de um musical, mas aqui em Casa Gucci é onde seu estrelato é finalmente revelado. Ela domina as telas em cada momento, e sem dúvida carrega o filme do início ao fim, mesmo que em partes a história se desvincule de sua personagem. É fascinante assistir aos movimentos de Gaga como Patrizia. Seu desempenho é sentido em todos os momentos. Você não se importa que Scott passe muito tempo desenvolvendo sua história porque você sabe aonde isso vai levar. No fim, este é o filme de Lady Gaga: sua assistibilidade impregna o quadro, um molho arrabbiata de humor, desprezo, estilo e, claro, vingança.

House of Gucci é um drama e não um thriller investigativo

Quando se trata de filmes muito grandes eu realmente me esquivo de todos os trailers possíveis. Casa Gucci foi um desses, então fui apenas sabendo que se tratava de uma biografia da Gucci com um assassinato. Melhor feito possível, pois absorvi o filme sem nenhuma pré-expectativa. Logo depois de sair da sala de cinema, vi o trailer, e entendi o porquê de muitos colegas e da crítica especializada não terem gostado tanto do filme; acontece que o trailer dá a ideia de que se trata de um thriller investigativo com a construção da trama em volta do assassinato de Maurízio Gucci, e o filme definitivamente não segue esse rumo. Ridley escolhe muito mais o lado dramático por trás das intrigas de poder na Casa Gucci do que o empenho e motivações por trás do assassinato de Maurizio — mesmo que o filme abra e se encerre nesse ponto — e quando visto como ele é, um drama, o filme se beneficia muito mais. Os melhores pontos do filme com certeza são a trilha sonora que usufrui de grandes clássicos dos anos 1970 e 1980. E também todo o figurino e maquiagem. Além da atuação de Gaga, Adam Drive e Jared Leto (que interpreta o primo Paolo Gucci), há grandes possibilidades de Figurino e Maquiagem serem outras categorias de destaque no Oscar para Casa Gucci, pois realmente é excelente e muito bem executado no filme. Em outras palavras, vá com a atitude certa e Casa Gucci ainda pode ser muito divertido. Apesar de todos os móveis extravagantes, ele foi construído sobre uma base já conhecida do drama. Confira também Encanto, novo filme da Disney Animation Studios.

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