Nesta sexta-feira, dia 10, Apple e Google anunciaram uma parceria histórica. Alinhados no foco de juntar esforços e recursos para combater a COVID-19 (a Apple se uniu essa semana à America Food Fund — junto a Leonardo DiCaprio e Laurene Powell Jobs —, assim como fez doações de bilhões de dólares pelo mundo, de máscaras e muito mais a caminho), as gigantes de tecnologia propuseram a criação de ferramentas de interface gráfica e APIs únicas, para Android e iOS. Os recursos ficam a disposição dos governos dos países para implementarem as tecnologias. Através do uso de tecnologia Bluetooth, presentes em todos os smartphones, o aplicativo, rodando em segundo plano, captaria conexões ao redor — em um raio de até 15 metros sem barreira — para notificá-lo se aquele sujeito está infectado pelo coronavírus ou esteve recentemente com alguém que está contaminando. As empresas demonstraram suas considerações: O CEO da Apple Tim Cook e o CEO do Google Sundar Pichai também fizeram seus anúncios pelo Twitter: Como a COVID-19 pode ser transmitida às pessoas pela proximidade, autoridades de saúde pública perceberam que o rastreamento de contato é uma ferramenta valiosa para conter a propagação. Diversas autoridades de saúde pública, universidades e ONGs de destaque ao redor do mundo têm feito um trabalho importante no desenvolvimento de tecnologias optativas de rastreamento de contato. Em apoio a essa causa, Apple e Google lançarão uma solução completa que inclui interfaces de programação de aplicações (APIs) e tecnologia de sistema operacional para auxiliar no rastreamento de contato. Dada a urgência, o plano é implementar essa solução em duas etapas, preservando sólidas salvaguardas em torno da privacidade do usuário. Diversas questões referentes a privacidade foram imediatamente levantadas. Apple, Google e governos não teriam “apenas” acesso aos dados de GPS do usuário, mas também saberiam quem está perto dele e seu histórico pessoal com o coronavírus. As empresas deixaram claro, no entanto, que o recurso será opcional. A expectativa é que o desenvolvimento dos recursos multiplataforma iniciem até o mês de maio, com iterações frequentes em sequência. Por enquanto, não foi divulgado quando e se tal tecnologia será disponibilizada no Brasil. Para informações técnicas sobre os recursos, Apple e Google publicaram suas documentações. Uma segunda nova página foi criada pela Apple para reforçar seu o compromisso com privacidade. A própria OMS, Organização Mundial de Saúde, já traz o artigo em seu site oficial sobre a tecnologia. Mais informações serão divulgadas pelas empresas nas próximas semanas.

China já utiliza tecnologia de rastreamento para monitorar o avanço da COVID-19

Recentemente, no começo de março quando a pandemia ganhou cobertura mundial, a China adotou estratégia similar para que pessoas se mantivessem seguras. Por meio do aplicativo Alipay Health Code, criado pela gigante chinesa Alibaba, o governo chinês iniciou o monitoramento da saúde dos cidadãos, sendo classificados por bandeiras verde, amarela ou vermelha, para controle de onde e quando a pessoa esteve. O governo defende o uso do aplicativo como “chave para prevenção e controle de epidemias”.  Após o usuário aceitar os termos e condições do aplicativo, seus dados (como nome, localização e número de documentos), são enviados às autoridades por meio de um arquivo chamado “reportInfoAndLocationToPolice” ou “enviar informações e localização para a Polícia”. Junto ao envio dos dados, sempre que o aplicativo é escaneado através da bandeira que exibe um código QR — conforme exibido exemplo abaixo —, sua localização também passa a ser armazenada nos servidores do sistema. Isso possibilitaria o rastreamento completo dos percursos do cidadão pelo governo. Tal preocupação pode ser extremamente importante para nós, ocidentais. Entretanto, o governo chinês possui total controle sobre o tráfego de dados em seu território, e temas relativos a privacidade e liberdade, como o Marco Civil da Internet ou os debates sobre Neutralidade de Rede, não são permitidos para a população. Durante o anúncio, Apple e Google garantiram que “privacidade, transparência e consentimento são de extrema importância nesse esforço“. Mais cedo, a Apple publicou em seu canal no YouTube um vídeo especial para nos lembrar de que, mesmo durante o período de quarentena e isolamento e distanciamento social, a “criatividade continua”. Referências: Apple Newsroom, Google Blog e The New York Times.

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