Antes de iniciar nosso texto, vale mencionar que irei me referir às empresas com sinônimos, no intuito de deixar a leitura mais dinâmica e menos repetitiva. Portanto, usarei um jogo de palavras que remete a cor dos logos de cada marca: AMD com vermelho, Intel de azul e NVIDIA com verde. Então quando eu me referir ao “lado vermelho”, você já sabe o que quero dizer.

MUITOS processadores para 2022

Começando o grande duelo da CES teremos um bom embate de processadores para esse ano. AMD e Intel não pouparam esforços em anunciar um lineup robusto, principalmente para dispositivos móveis. A estratégia não é surpresa, visto que a CES é normalmente palco para grandes revelações desse segmento. Começando pelo lado azul, a Intel finalmente revelou os processadores Alder Lake de 12ª geração para notebooks. O pontapé se deu pela série H, ou seja, a linha mais poderosa do segmento portátil; foram anunciados 8 modelos que variam da família i5 até os poderosos i9, com 8 a 14 núcleos respectivamente. Além disso, foram anunciadas as novas CPUs para a série U, que corresponde aos processadores de baixa tensão para notebooks ultrafinos. Esses modelos são mais básicos, porém, ainda devem apresentar um bom nível de performance para a sua proposta. Por outro lado, um anúncio interessante ficou com a inédita série P, um balanço entre as série H e U, ou seja, a linha intermediária para quem ainda quer um portátil bem discreto, mas sem abdicar da performance. O grande trunfo da Intel é a implementação da arquitetura híbrida nas plataformas móveis. A ideia é ter dois tipos de núcleo funcionando em conjunto: cores de alta performance misturados com cores de performance mais baixa para rodar tarefas em segundo plano em um único chip. Isso significa que os Alder Lake para portáteis trabalham como um SoC (System on a Chip, em tradução literal). Passando para o time vermelho, a AMD não fez feio e revelou os processadores Ryzen 6000, também para notebooks. Diferentemente da Intel, a investida de Lisa Su traz as novas CPUs com o Zen 3+, uma atualização da famosa arquitetura da companhia, agora em litografia de 6 nm. Como sempre, a empresa promete grandes saltos de performance e mais autonomia energética para os notebooks. Um ponto interessante é que os Ryzen 6000 contarão com a microarquitetura baseada em RDNA 2 na parte de processamento gráfico, tornando esses chips bem poderosos e inclusive superando as placas integradas da NVIDIA, como a linha MX, e a recente Intel Iris Xe. Pulando para o mundo dos desktops, AMD e Intel não foram mal na CES 2022. O lado azul da força anunciou 22 novas versões de processadores sem a terminação “K”, tornando estas peças as mais interessantes para os consumidores médios ou os gamers que não pretendem se aventurar no mundo do overclock ou tarefas complexas, como edição e render. Por fim, a fabricante ainda anunciou o core i9-12900KS, que pode chegar a frequências de até 5.5 Ghz em games. Já a AMD resolveu bater de frente com o KS através do anúncio do Ryzen 5800X3D. A nova versão também terá frequências maiores do que 5 Ghz e funciona através da tecnologia 3D V-Cache inteligente, que empilha os arquivos salvos para maior performance gráfica, além de possivelmente ser mais poderoso que o Ryzen 9 5900X. Rumo ao futuro, a companhia vermelha deu um gostinho do que está por vir. Lisa Su anunciou a arquitetura Zen 4, de codinome Raphael, para os vindouros processadores Ryzen 7000. Produzidos em litografia de 5 nanômetros, os novos modelos chegarão no fim de 2022 com o soquete AM5, suporte a memórias DDR5 e PCIe 5.0.

Crise dos chips? Para quem?

AMD e NVIDIA também fizeram uma disputa na CES 2022, mas dessa vez no segmento das placas de vídeo e… é complicado. A NVIDIA anunciou a RTX 3090 Ti, placa mais parruda do lineup RTX 30 que contém o chip GA102 em sua capacidade máxima, 10752 núcleos CUDA, 24 GB de memória VRAM operando a uma taxa de 21 Gbps com interface de 384-bit e largura de banda a 1000 GB/s, etc. Mas o que isso significa? Sendo sincero, para nós, meros mortais: nada. O grande problema não é a NVIDIA lançar a RTX 3090 Ti, de forma alguma. O problema é numa crise de chips insustentável, onde nem mesmo a RTX 3090 é encontrada nas lojas por problemas na indústria de semicondutores, a NVIDIA ter a audácia de lançar uma placa tão desnecessária como essa. Claro, não temos o modelo em mãos para comparar os “saltos” de desempenho, porém não será surpresa quando os primeiros benchmarks saírem e a performance for pifiamente superior e com preço ainda mais salgado. Isso se acharmos a GPU para compra. Contudo, finalmente a RTX 3050 chegará ao mundo dos desktops. Depois de ser lançada apenas para notebooks, o modelo mais barato da marca será lançado em 27 de janeiro por US$ 249 (R$ 1.389 em conversão direta, sem impostos). A placa é desenvolvida para jogadores menos exigentes, que pretendem jogar games mais leves em Full HD ou até mesmo aqueles Triple AAA em qualidade baixa e/ou média, fazendo frente com as GTX 1650, 1050 Ti e 1050. Na parte das especificações, a irmã mais baixa da família contará com 9 shader-TFLOPS, núcleos tensores, 8 GB de memória VRAM GDDR6, e suporte nativo a recursos como Ray Tracing e o DLSS, que talvez seja o mais importante para placas desta categoria. Já a AMD anunciou a RX 6500 XT, que no mundo ideal da companhia, deveria ser a concorrente direta contra a RTX 3050. O problema é que essa mesma RX 6500 XT chegará “capada” no mercado, sem suporte a codecs de renderização, com menos Teraflops, menor interface de memórias etc. Tudo isso para custar US$ 199. Novamente, enfatizamos que não temos a placa disponível para testes ainda, mas é realmente desapontador ler especificações como essa em 2021. Na família dos notebooks o lado verde da força anunciou a chegada das RTX 3070 Ti e RTX 3080 Ti para os portáteis, no intuito de equipar máquinas para rodar em 1440p e 4K, respectivamente. Já a AMD fez uma lambança com nomenclaturas… Na verdade, foram várias placas para notebooks que acabam confundindo por sua semelhança. Para aqueles notebooks mais fininhos e leves, que consomem menos energia e são fabricados para serem fáceis de transportar, o usuário poderá equipar essas máquinas com as RX 6800S, RX 6700S e RX 6600S. Por outro lado, aqueles notebooks gamers mais parrudos terão as RX 6300M, RX 6500M, RX 6650M XT, RX 6650M e finalmente a topo de linha dessa categoria: a RX 6850M XT, revelada como a mais poderosa do segmento portátil disponível no mercado. A expectativa é que ambas as linhas entreguem clocks 7% mais rápidos, bem como as memórias, que devem ter um ganho de aproximadamente 14% quando comparadas com a geração anterior.

Quem levou a melhor?

Honestamente, essa é uma resposta complicada de dar. A grande certeza é que a NVIDIA foi a mais apagada de todas, porém, não é surpresa para ninguém que a série RTX 40 deve ser anunciada até o fim de 2022. A grande briga, como sempre, fica entre AMD e Intel. O segmento dos processadores tem ficado cada vez mais acirrado, e a temporária hegemonia da AMD fica em risco com a chegada dos novos Alder Lake com arquitetura híbrida. O lado vermelho, contudo, não pretende deixar isso barato e vai colocar muita lenha na fogueira ao lançar os Ryzen 6000, enquanto cozinha a revelação dos Ryzen 7000 para desktops nos próximos meses. O cenário das GPUs mobile parece interessante, mas a disputa já fica entre AMD e NVIDIA. Com o anúncio das séries Radeon 6000S e 6000M, a companhia de Lisa Su está muito bem posicionada no mercado, assim como a NVIDIA e sua aclamada linha RTX, que se mantém bastante difundida em dezenas de marcas. Na opinião deste humilde escritor, a AMD sai como a companhia mais interessante dessa CES, apresentando um material robusto para performance gráfica e processamento. Seja como for, mesmo com a crise dos chips e alta do dólar, 2022 tem um grande caminho pela frente, mas parece que irá surpreender positivamente nos anúncios.

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E aí, o que achou do embate entre AMD, NVIDIA e Intel? Aproveita e confere só o nosso vídeo especial com os melhores anúncios da CES 2022 no nosso canal no YouTube! Além disso, também vale saber um pouco mais sobre tudo o que rolou na feira ouvindo o nosso podcast temático da CES 2022: o ShowmeCAST.

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